Mundo

Cúpula buscará em Cancún uma nova dinâmica para o problema climático

Agência France-Presse
postado em 29/11/2010 14:17
Cancun - Mais de 190 países se reunirão nesta segunda-feira, em Cancún (México), para tentar dar uma nova dinâmica à luta contra a mudança climática e virar a página da cúpula anterior, de Copenhague, uma vez que um novo fracasso implicará o risco de dar um golpe fatal no processo de negociações lançado há 18 anos dentro da ONU.

A conferência das Nações Unidas sobre o clima não está destinada a forjar um acordo global para combater o aquecimento - afirmam organizadores e negociadores - mas pode avançar em questões chave como o desmatamento.

Destinada a prosseguir e melhorar a luta mundial contra o aquecimento a partir de 2012 - ano em que expira o Protocolo de Kyoto -, a conferência de Copenhague terminou com a adoção de um texto não vinculante, negociado no apagar das luzes da conferência por um punhado de chefes de Estado, que propôs limitar a elevação da temperatura do planeta a dois graus Celsius, sem detalhar a forma de fazê-lo.

Um novo fracasso este ano seria fatal para o processo. Organizadores e negociadores estão decididos a obter resultados que, embora não se concretizem em um tratado internacional, obtenham avanços frente à conferência de Durban (África do Sul), prevista para o fim de 2011.

"Temos que seguir uma estratégia por passos, não podemos colocar todos os temas sobre a mesa", reconheceu, no domingo, o negociador da Comissão Europeia, Artur Runge-Metzger. "Não estamos dizendo que em Cancún conseguiremos um tratado completo e juridicamente vinculante", destacou.

No mesmo sentido, expressou recentemente o presidente mexicano, Felipe Calderón.

"Não é possível esperar (em Cancún) o tratado para o futuro com compromissos legalmente vinculantes que todos queremos, mas a boa notícia é que Cancún conseguirá certamente resultados sem precedentes", afirmou.

Para a costarriquenha Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, Cancún pode avançar em quatro aspectos: ações contra o aquecimento global, transferência de tecnologias "limpas" dos países ricos para os pobres, criação de um fundo de financiamento das operações de longo prazo e redução das emissões de CO2 atribuídas ao desmatamento.

O desmatamento é uma das questões com mais chances de avançar este ano, através do mecanismo REDD%2b, que prevê a compensação aos países com selva tropical - como Brasil, Indonésia ou os países da bacia do Congo - que renunciem ao corte de suas árvores.

A reunião contará em seu encerramento com a presença de alguns chefes de Estado, como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação