Agência France-Presse
postado em 30/11/2010 08:41
Seul - A Coreia do Norte revelou nesta terça-feira (30/11) que dispõe de milhares de centrífugas para enriquecer urânio, uma semana depois de atacar uma ilha sul-coreana, intensificando uma crise que a China tentou amenizar ao sugerir uma reunião do Grupo dos Seis, rejeitada pelos Estados Unidos.A imprensa do regime de Pyongyang, que já testou duas bombas atômicas de plutônio, disse que está explorando "um sistema moderno de enriquecimento de urânio com vários milhares de centrífugas", com "fins pacíficos" e "para responder a uma demanda de eletricidade".
A Coreia do Norte já mostrou sua nova usina de enriquecimento de urânio a especialistas americanos, menos de duas semanas antes de atacar com mísseis a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, matando dois civis e dois militares, perto da disputada fronteira marítima do Mar Amarelo.
Analistas e altos funcionários dos Estados Unidos temem que a usina seja facilmente reconfigurada para enriquecer urânio a um nível que permita a fabricação de armas nucleares.
Para aliviar a tensão, Pequim propôs no último domingo a convocação de um encontro de urgência do Grupo dos Seis na China, no começo de dezembro.
O Grupo dos Seis reúne Estados Unidos, Rússia, China, Japão e as duas Coreias.
Nesta terça-feira, os chineses indicaram que ainda esperam uma "reação positiva" à proposta. "Acreditamos que as partes envolvidas vão levar a sério esta proposta e reagir positivamente", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, estimando que a reunião é "imperiosa".
Os Estados Unidos, no entanto, recusaram a sugestão chinesa, alegando que a reunião seria uma "ação de relações públicas" para a Coreia do Norte.
A embaixadora americana Susan Rice chegou a pedir que a ONU reforce suas sanções contra Pyongyang, pelo "ultrajante" ataque à Coreia do Sul. Além disso, criticou a China, estimando que esta deveria desempenhar "um papel de liderança responsável" para resolver a crise.
O presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, também rejeitou implicitamente na segunda-feira as negociações propostas pela China, e nesta terça declarou que seu país enfrenta o "grupo mais beligerante do mundo", durante uma reunião de gabinete.
O chanceler japonês Seiji Maehara, por sua vez, descartou a ideia chinesa argumentando que "primeiramente, é necessário ver esforços sinceros por parte da Coreia do Norte".
Os esforços diplomáticos continuam. Nesta terça-feira, desembarcam em Pequim dois altos funcionários norte-coreanos. Também o Japão enviou à China seu especialista em Coreia do Norte, Akitaka Saiki, para que se encontre com seu par Wu Dawei.
Por outro lado, quase 100 veteranos sul-coreanos viajaram até a ilha de Yeonpyeong nesta terça-feira, prometendo defendê-la. "Executem Kim Jong-Il e (seu filho) Jong-Un", dizia um cartaz exposto pelos militares na barca que os levou à ilha. Acredita-se que Kim Jong-Un, filho caçula do ditador norte-coreano, deva sucedê-lo no poder.