Bruxelas ; O Irã aceitou retomar as negociações sobre seu programa nuclear com as grandes potências, nos dias 6 e 7 de dezembro, em Genebra, anunciou nesta terça-feira (30/11) em Bruxelas o porta-voz de Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia (UE).
"Recebemos uma resposta das autoridades iranianas, na qual afirmam que o doutor (Said) Jalili (negociador iraniano para o programa nuclear) aceitou a proposta de Catherine Ashton de uma reunião em Genebra", disse o porta-voz à AFP.
"As conversações entre Catherine Ashton e o doutor Jalili acontecerão na segunda-feira e terça-feira da próxima semana em Genebra", acrescentou.
[SAIBAMAIS]Ashton representa o grupo "5%2b1", que reúne as seis grandes potências envolvidas nas negociações sobre o programa nuclear iraniano: os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido) e a Alemanha.
A reunião em Genebra será a primeira deste nível desde outubro de 2009. Ashton estará acompanhada por altos funcionários dos ministérios das Relações Exteriores das seis potências.
Os iranianos haviam sugerido no início do mês organizar o encontro na Turquia, mas os ocidentais se opuseram, já que Ancara é considerada nesta questão um aliado de Teerã.
Os ocidentais suspeitam que o Irã busca dotar-se do arma atômica através de seu programa de enriquecimento de urânio, algo categoricamente desmentido pelo governo iraniano, que afirma que seu interesse nuclear tem apenas fins civis.
Para as grandes potências, foi a nova bateria de sanções votada na ONU em 9 de junho passado - reforçadas depois pelos Estados Unidos e Europa - que convenceu o Irã a voltar à mesa de negociações, apesar de o regime assegurar que foram em vão.
Prudência
Resta ver se a retomada das conversas na próxima semana resultará ou não num diálogo de surdos, como aconteceu na última rodada de negociações.
Uma segunda porta-voz de Ashton se mostrou prudente nesta terça-feira ao definir o encontro em Genebra como "um ponto de partida do processo", admitindo que nada será resolvido em um único dia.
O Irã, por sua vez, reafirmou nesta segunda-feira sua determinação de manter seu controvertido nuclear, apesar dos atentados contra dois dirigentes do regime e um ataque informático a suas centrífugas.
Na véspera, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, afirmou que várias centrífugas que produzem urânio enriquecido foram desativadas por programas instalados no material eletrônico, em uma alusão ao vírus informático Stuxnet.
O problema foi solucionado, acrescentou Ahmadinejad, primeiro dirigente iraniano a reconhecer que o programa nuclear deste país foi vítima de um vírus.
"Eles conseguiram, de maneira limitada, desativar várias de nossas centrífugas, mas nossos especialistas puderam intervir e já não poderão voltar a fazê-lo", declarou o presidente respondendo a uma pergunta sobre os problemas sofridos pelo programa de enriquecimento do urânio iraniano.
Ahmadinejad não precisou sobre quem se referia ao usar o pronome ;eles;. Também não pronunciou exatamente a palavra vírus. O Irã se viu afetado em junho passado pelo vírus Stuxnet.