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Rússia pode aumentar arsenal nuclear em caso de fracasso do START

Agência France-Presse
postado em 01/12/2010 14:37
Washington - A Rússia provavelmente vai aumentar seu arsenal nuclear, caso os Estados Unidos não ratifiquem o novo tratado de desarmamento nuclear assinado em abril entre os dois países, disse o primeiro-ministro russo Vladimir Putin ao canal CNN em uma entrevista que será exibida nesta quarta-feira.

"Não é nossa decisão. Não queremos que isso aconteça. Mas isso não é uma ameaça de nossa parte", disse Putin, segundo trechos da entrevista concedida a Larry King.

"Simplesmente o que estamos dizendo é que isso é o que todos nós acreditamos que acontecerá se não alcançarmos um esforço conjunto", completou.

Putin disse que seria uma postura "surda" dos Estados Unidos ignorar os próprios interesses, e que sem um tratado "teremos de reagir de alguma forma", incluindo o deslocamento de mísseis com nova tecnologia nuclear.

Os comentários do primeiro-ministro russo foram feitos em um momento de incerteza sobre a ratificação pelo Congresso dos Estados Unidos do tratado START, assinado pelo presidente americano Barack Obama e pelo russo Dmitri Medvedev em Praga no mês de abril.

O tratado - uma iniciativa de Obama - reduz os respectivos arsenais a um máximo de 1.550 ogivas nucleares cada um, um corte de 30% sobre o limite estabelecido pelo tratado de Moscou de 2002, que expirou em dezembro de 2009.

A Duma, câmara baixa do Parlamento russo, indicou que só ratificará o tratado depois de sua aprovação nos Estados Unidos.

A oposição republicana ao governo de Obama afirma que precisa ter certeza de que o arsenal nuclear americano será modernizado e que o tratado não dificultará os sistemas de mísseis de defesa.

Mas alguns republicanos já admitiram de maneira privada que não quiseram dar a Obama uma vitória diplomática antes das eleições de meio de mandato de 2 de novembro, que representaram uma dura derrota para os democratas.

Se Obama não conseguir a ratificação do tratado até o fim do ano, em 2011 será muito mais difícil, já que em janeiro os republicanos assumirão o controle da Câmara de Representantes e aumentarão a presença no Senado.

No último dia 20, o presidente russo, Dimitri Medvedev, pediu ao Senado americano que demonstre responsabilidade ratificando o tratado START.

"Espero que os legisladores americanos demonstrem uma percepção responsável", declarou Medvedev, considerando que a não ratificação do tratado START pelos Estados Unidos "seria uma vergonha".

"Atuaremos de forma recíproca, em função do que ocorrer nos Estados Unidos", advertiu durante uma coletiva de imprensa ao término de uma cúpula em Lisboa.

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