Agência France-Presse
postado em 03/12/2010 09:40
Paris - O site de divulgação de documentos secretos WikiLeaks voltou a funcionar nesta sexta-feira (3/12) em um novo endereço, baseado na Suíça - -, seis horas depois do domínio original - - ter sido tirado do ar."O WikiLeaks se muda para a Suíça", declarou o grupo pelo Twitter, embora seja possível perceber, por meio de um rastro, que o site ainda está hospedado na Suécia e na França.
Usuários que acessarem o endereço serão direcionados para uma página cujo URL dá acesso ao antigo site, que desde domingo publica milhares de documentos confidenciais de embaixadas americanas em todo o mundo.
O endereço original foi tirado do ar à 1h de Brasília pelo provedor americano, o , após um maciço ataque virtual ao site.
Uma busca por meio da ferramenta indicou que o é propriedade do Partido Pirata Suíço, que defende a privacidade de informações e a liberdade na internet.
O WikiLeaks já sofreu vários ataques desde domingo passado, quando começou a veicular mais de 250 mil mensagens diplomáticas de embaixadas dos Estados Unidos, muitas delas secretas.
Segundo o , o domínio foi fechado depois de alvejado por uma série de ataques DDOS.
"A interferência em questão foi uma consequência do fato de o ter sido alvo de múltiplos ataques de serviço negado (DDOS)", explicou o provedor em uma nota.
Os clássicos ataques DDOS ocorrem quando legiões de computadores "zumbis", geralmente máquinas infectadas por vírus, recebem ordens de visitar um site simultaneamente, sobrecarregando os servidores ou tirando-os do ar completamente.
O advogado do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, indicou nesta sexta que um "ator estatal" provavelmente está por trás dos ataques.
Mark Stephens disse que as "sofisticadas" tentativas para fechar o site podem fazer parte do esforço geral para silenciar Assange.
"Alguém, provavelmente um ator estatal, assumiu o controle de literalmente centenas de milhares de computadores vulneráveis em todo o mundo e fez com que se conectassem simultaneamente ao site do WikiLeaks", explicou Stephens à AFP.
"É muito sofisticado e sabemos que Julian já sofreu um certo número de ataques deste tipo, sabemos que também outras coisas estranhas aconteceram na Suécia", acrescentou o advogado, que está em Londres.
"Temos uma situação na qual há uma série de ações coordenadas".
"Como advogado que tem experiência em atuar contra governos - e também para governos -, tenho uma mente aberta e inquisitiva acerca de por que tudo isso está acontecendo na semana em que divulgaram-se os documentos (confidenciais da diplomacia americana)", destacou.
No mês passado, Julian Assange havia dito que estava considerando pedir asilo à Suíça e abrigar o site em um servidor do país.
A atual localização de Assange, cidadão australiano, que está sendo procurado pela Interpol por uma acusação de estupro na justiça da Suécia, é desconhecida, mas acredita-se que ele esteja em algum ponto da Grã-Bretanha.
Stephens, no entanto, afirmou que as autoridades britânicas e suecas sabem onde ele está e têm condições de entrar em contato com ele se assim o desejarem.
A Suécia emitiu um novo pedido de prisão internacional contra Assange, dessa vez com elementos processuais exigidos pela polícia britânica, segundo anunciou nesta sexta uma porta-voz da promotoria sueca.
"Enviamos as informações reclamadas pela polícia britânica", declarou à AFP Karin Rosander. "Eles reclamavam informações suplementares relativas à pena máxima de cada um dos crimes e delitos do expediente.
Habitualmente nós enviamos a pena correspondente ao crime mais grave", explicou Rosander.
Julian Assange, por fim, assinalou que está tomando medidas de segurança devido às ameaças contra a vida, em uma conversa com leitores no site do jornal britânico The Guardian. "As ameaças contra nossas vidas são de domínio público. No entanto, estamos tomando as precauções apropriadas até o limite do que podemos por estar tratando com uma superpotência", respondeu o australiano, de 39 anos, a uma pergunta sobre se ele temia pela segurança.