Agência France-Presse
postado em 03/12/2010 14:32
Haika (Israel) - Esforços intensos foram empregados nesta sexta-feira em Israel para controlar o pior incêndio de sua história, que já deixou pelo menos 41 mortos e aumenta as interrogações sobre as deficiências dos serviços de emergência do país.Na manhã desta sexta-feira, aviões vindos do exterior entraram em ação para combater o enorme incêndio, que em 24 horas já devastou 2 mil hectares do Parque Nacional Monte Carmel, perto de Haifa (norte de Israel).
Quatro aviões de combate ao fogo da Canadair, dois helicópteros e três aviões pequenos sobrevoaram o maciço montanhoso.
O fogo causou a morte de pelo menos 41 pessoas, entre elas 36 guardas penitenciários, segundo os serviços médicos.
Cerca de 15 mil habitantes, entre os quais 2 mil residentes de um bairro na periferia sul de Haifa, terceira maior cidade de Israel (com 26 mil habitantes) precisaram ser evacuados, segundo a polícia.
O ministro de Segurança Interna, Yitzhak Aharonovitch, afirmou à televisão que "tendo em conta as medidas de precaução adotadas, atualmente ninguém está em perigo".
O incêndio, que parece ter começado em uma lixeira, ainda não havia sido controlado nesta sexta-feira, e o vento atiçava as chamas que se propagam por um terreno de floresta.
Ao todo, 370 bombeiros foram mobilizados no combate às chamas. Mas a carência de homens e de material dos bombeiros israelenses levou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a solicitar ajuda internacional.
Israel dispõe de apenas 1.500 bombeiros e não possui aviões contra incêndios florestais.
A mídia israelense criticou nesta sexta-feira a situação dos serviços de emergência, "dignos de Terceiro Mundo", e denunciou falhas detectadas há tempos.
"O Corpo de Bombeiros tem sido sempre o primo pobre dos serviços de emergência israelenses", afirmou o jornal Yediot Aharonot, destacando que, se levadas em consideração as normas ocidentais, Israel deveria ter cinco vezes mais bombeiros.
"Um país que dispõe de satélites espiões, aos quais se atribuem operações militares incríveis em todo o mundo, que se prepara para atacar as instalações nucleares de uma potência regional, que tem tecnologia de ponta, é também o país que ao fim de sete horas esgotou seus recursos contra incêndios", ironizou o jornal Maariv.
Segundo um alto oficial de segurança, a compra de aviões contra incêndio Canadair vem sendo postergada ano a ano, apesar da recomendação dos especialistas, por falta de orçamento.
Os guardas penitenciários mortos, entre os quais havia vários membros da comunidade árabe drusa, estavam em treinamento, e no momento do incêndio seguiam a bordo de um ônibus da prisão que ficou cercado pelo fogo, segundo a polícia.
Os policiais ainda não conseguiram estabelecer um balanço definitivo, uma vez que apenas 11 cadáveres foram identificados. Várias pessoas estão desaparecidas, e as buscas continuam no local para localizar outras possíveis vítimas, disse o porta-voz da polícia.
Dezessete pessoas foram hospitalizadas, duas delas em estado grave e uma em estado crítico, segundo a mesma fonte.
Há mais de um mês o Oriente Médio sofre com seca. Nesta sexta, os serviços meteorológicos registraram uma temperatura de 31 graus centígrados e ventos de 30 quilômetros por hora na região de Haifa.