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Confusão na Costa do Marfim: dois presidentes tomam posse

Agência France-Presse
postado em 04/12/2010 18:50

Abidjan (Costa do Marfim) - O atual mandatário da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi formalmente empossado neste sábado (4/12) no cargo de Presidente da República, em cerimônia transmitida pela televisão, apesar da rejeição internacional à controvertida vitória eleitoral.

Ao mesmo tempo, Alassane Ouattara, adversário de Gbagbo, nas presidenciais de 28 de novembro, também prestou juramento, "na qualidade de presidente da República da Costa do Marfim", em carta enviada ao Conselho Constitucional do país, da qual a AFP obteve uma cópia hoje.
[SAIBAMAIS]
O manuscrito foi endereçado ao presidente do Conselho Constitucional, Paul Yao N;dré. Ele invalidou os resuldados anunciados pela Comissão Eleitoral Independente, que davam Ouattara como vencedor.

"Diante do povo soberano da Costa do Marfim, juro solenemente, e por honra, respeitar e defender fielmente a Constituição, proteger os direitos e liberdades dos cidadãos, cumprir com os deveres de meu cargo no máximo interesse da Nação", declarou Gbagbo em seu discurso no palácio presidencial em Abidjan.

Após a cerimônia, Gbagbo denunciou as "interferências estrangeiras" num momento em que a ONU, os Estados Unidos, a União Europeia e França contestam sua reeleição. Nestes últimos dias, notei casos graves de ingerência", afirmou. Para que nossa soberania não seja pisoteada, não deixaremos os outros se intrometerem em nossos assuntos", emendou.

Durante a madrugada deste sábado, duas pessoas morreram por disparos das forças de segurança num bairro popular da capital Abidjan, onde partidários de Gagbo e de seu adversário Alassane Ouattara se enfrentam em função da crise desencadeada por divergências eleitorais.


A Costa do Marfim mergulhou numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória de Gbagbo nas eleições de 28 de novembro. Segundo a comissão eleitoral e a ONU, o pleito foi vencido por Alassane Ouattara.

No poder desde 2000, Laurent Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% dados a seu rival, segundo resultados definitivos do segundo turno anunciados pelo presidente do Conselho, Paul Yao N;Dré, à imprensa.

O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava ao ex-primeiro-ministro, Alassane Ouattara, uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%.

Isso foi feito "anulando" os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram "fraudulentas".

O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória anunciada de Laurent Gbagbo.

Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou para um "golpe" de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho.

A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes violentos.

Eleito em 2000, num pleito controverso do qual foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Laurent Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições chegaram a ser adiadas em diversas ocasiões.

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