postado em 10/12/2010 08:05
O Comitê Nobel tentou ontem apaziguar a ira da China, na véspera da entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2010 ao dissidente chinês Liu Xiaobo. ;Não é um prêmio contra a China. É um prêmio que honra a população chinesa;, declarou o presidente do comitê, Thorbjoern Jagland, falando à imprensa em Oslo. A solenidade de hoje na capital norueguesa será marcada pelo duelo entre o regime comunista de Pequim, que pressiona os países aliados não enviarem representantes, e governos como o dos Estados Unidos, que voltaram a insistir para que Pequim autorizasse Liu a receber o prêmio.Dois meses após o anúncio do vencedor do Nobel da Paz, a fúria da China não desvaneceu: após chamar os membros do comitê de ;palhaços;, a porta-voz da chancelaria, Jiang Yu, voltou ontem ao ataque. Afirmou que seu país tem ;o apoio esmagador da maioria das pessoas; no mundo. ;As pessoas do comitê Nobel devem admitir que estão em minoria;, provocou Jiang.
Condenado em dezembro de 2009 a 11 anos de prisão, como coautor do manifesto pró-democracia Carta 08, Liu Xiaobo, 54 anos, será o segundo vencedor do Nobel da Paz impedido de receber o prêmio. A Alemanha nazista barrou em 1936 o pacifista Carl von Ossietzky, que estava em um campo de concentração. Evitando uma comparação direta, Jagland chamou a atenção de Pequim para seu crescente papel como segunda maior potência econômica: ;A China é agora um ator muito importante na cena mundial e deve se habituar a ser debatida e criticada;.
Pressão diplomática
Nos bastidores, o regime chinês tentou esvaziar a cerimônia, pedindo a outros países que boicotassem o evento. Até ontem, a pressão tinha vingado em 20 países, incluindo Rússia, Cuba, Irã, Venezuela, Sérvia e Afeganistão. Porém, dos 66 países com embaixadas na Noruega, 45 tinham confirmado presença, incluindo os 27 membros da União Europeia, os EUA, o Japão, a Índia e o Brasil. ;Dois terços das embaixadas em Oslo assistirão à cerimônia;, comentou Jagland. Na China, os sites de vários meios estrangeiros, como BBC e CNN, foram novamente bloqueados ontem. O governo controlou o movimento dos dissidentes para impedir que viajasem a Oslo.
Em resposta a uma convocação da Anistia Internacional, cerca de100 pessoas se manifestaram em frente à embaixada chinesa em Oslo para pedir a libertação de Liu Xiaobo e tentar entregar uma petição de apoio assinada por quase 100 mil pessoas. Os manifestantes, porém, encontraram as portas fechadas. ;Enviaremos por fax ou por e-mail;, declarou John Peder Egenaes, secretário-geral da filial norueguesa da Anistia.