Agência France-Presse
postado em 11/12/2010 11:45
Cidade do Vaticano - O Vaticano advertiu neste sábado contra a credibilidade das informações reveladas pelo site WikiLeaks, após o jornal inglês The Guardian publicar um documento diplomático americano questionando sua atitude em casos de pedofilia.Segundo esta nota da embaixada americana em Roma, o Vaticano teria se recusado a cooperar em uma investigação irlandesa sobre abusos sexuais de crianças cometidos por membros do clero em Dublin, alegando que o pedido irlandês não respeitou o procedimento oficial.
Em um comunicado, o Vaticano rejeita "entrar na apreciação da extrema gravidade da publicação de uma grande quantidade de documentos reservados e confidenciais e de suas possíveis consequências".
[SAIBAMAIS]"Naturalmente, esses relatórios refletem as percepções e opiniões das pessoas que os escreveram e não podem ser considerados nem como a expressão da Santa Sé, nem como citações específicas das palavras de seus líderes", continuou o comunicado. "Sua credibilidade deve ser considerada com reservas e muita prudência", concluiu.
Segundo o telegrama da embaixada americana em Roma, datado em 26 de fevereiro, os pedidos de informação da comissão Murphy, responsável por investigar casos de pedofilia na Irlanda, "ofenderam muita gente no Vaticano (...) porque viam uma afronta à soberania do Vaticano".
Segundo este documento, a comissão Murphy escreveu diretamente às autoridades da Santa Sé sem passar pela via diplomática.
Este procedimento provocou a ira do Vaticano, que reprovou o governo irlandês por não exigir que a comissão respeitasse os procedimentos de pedido de informação à Santa Sé.
O embaixador irlandês no Vaticano, Noel Fahey, descreveu este período como "a crise mais difícil que conheceu", segundo a mesma fonte.
Publicado em 2009 após três anos de investigação, o informe Murphy revelou como os responsáveis da diocese de Dublin acobertaram os abusos sexuais cometidos por membros do clero contra crianças da região.