Agência France-Presse
postado em 11/12/2010 16:37
BUENOS AIRES - O governo federal da Argentina e as autoridades de Buenos Aires, que se enfrentam politicamente, buscavam neste sábado uma saída para o quinto dia de um surto de violência social, iniciado em um parque da capital ocupado por sem-teto e que já deixou quatro mortos.No final da manhã foi iniciada uma reunião na Casa Rosada (sede do governo) entre o governo federal, representado pelo ministro do Interior, Florencio Randazzo e o chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, e o municipal, com uma delegação liderada pelo prefeito Mauricio Macri.
Os funcionários retomaram assim uma reunião suspensa na madrugada e que não chegou a uma proposta coordenada, convocada de emergência pela presidente Cristina Kirchner na meia-noite de sexta-feira.
Participam da reunião líderes sociais representando os "sem-teto", que desde terça-feira se instalaram em tendas no enorme parque Indoamericano, no sul da capital.
Mas um grupo de ocupantes desautorizou neste sábado sua representatividade, ao afirmar que "não será aceita nenhuma negociação da qual não façamos parte".
"Não vamos sair até que nos deem uma resposta. A reunião que está ocorrendo na Casa Rosada não nos representa. Nós não somos de nenhum partido político e o que queremos é um plano de habitação", disse Alejandro Salvatierra, que se apresentou à imprensa no parque como representante dos ocupantes.
Na noite de sexta-feira, o Parque Indoamericano foi palco de uma verdadeira batalha campal entre moradores da região e os sem-teto, a maioria bolivianos e paraguaios.
Um grupo de moradores - a maioria de classe média - atacou os sem-teto para retirá-los do Parque, queimando dezenas de barracas e deixando dezenas de feridos.
Os choques ocorreram diante da ausência quase total de policiais na região, após a morte de um boliviano e de uma paraguaia, há dois dias, durante uma operação da polícia para desalojar os sem-teto.
Moradores da região também bloquearam avenidas para exigir a retirada dos sem-teto do Parque Indoamericano.
Kirchner, que anunciou na véspera a criação do ministério da Segurança, criticou a ação contra os sem-teto: "não estou disposta a ver a Argentina entrar para o clube de países xenófobos".
A presidente mirava no prefeito Macri, que atribuiu os incidentes no Parque Indoamericano, sob sua jurisdição, à "imigração descontrolada" e a "organizações criminosas".