CANCÚN - A Bolívia está decidida a recorrer a Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra o acordo adotado neste sábado (11/12) pela Cúpula do Clima de Cancún (México), alegando que sua aprovação sem consenso viola as regras internacionais, disse à AFP um porta-voz da delegação boliviana.
As regras da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) determinam que todas as decisões devem ser adotadas por consenso dos 194 países membros, e como o acordo de Cancún teve a objeção da Bolívia, vamos à justiça internacional, explicou à AFP o porta-voz Nicholas Buxton.
"Vamos recorrer às instâncias legais com base na Convenção, que claramente estabelece que nestes casos é a Corte Internacional de Justiça que deve se pronunciar", revelou o representante da Bolívia na conferência, Pablo Solón.
A conferência sobre o clima adotou um pacote de medidas de combate ao aquecimento global na madrugada deste sábado, ao final de uma longa noite de debates, durante a qual Solón insistiu em rejeitar o acordo.
Apesar de sua oposição, a Bolívia foi ignorada pelos outros países em sua defesa de maiores esforços contra o aquecimento global.
"Somos representantes de um país pequeno, mas um país que tem princípios, que não vende sua soberania, que fala para os povos do mundo, e por isso não estamos de acordo com esta decisão", declarou Sólon, alegando que os acordos de Cancún não atendem às exigências da luta contra o aquecimento global.
Os acordos aprovados estabelecem a criação de um multibilionário fundo verde para ajudar os países pobres a lidar com o aquecimento global, enquanto foi mantida a expectativa de renovar o Protocolo de Kioto, que obriga os países ricos a reduzirem suas emissões, além do lançamento de um mecanismo que fornecerá apoio financeiro aos países para combater o desmatamento.