postado em 14/12/2010 08:00
Usar a força para conter o que via como um ;plano expansionista; da Venezuela de Hugo Chávez foi uma das opções estratégicas estudadas em 2008 pelo então presidente da Colômbia, Alvaro Uribe. Segundo correspondências diplomáticas americanas reveladas pelo site WikiLeaks, Uribe receava uma aliança entre o Exército venezuelano e as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc). O documento mostra como o governo colombiano estava preparado para um possível conflito com o vizinho e contava com apoio na América Latina, inclusive do BrasilDe acordo com a diplomacia americana, Uribe se considerava um ;obstáculo aos sonhos bolivarianos de expansão; supostamente alimentados pelo colega. ;Chávez tem um plano para avançar na Colômbia em cinco ou sete anos. Ele teria criado milícias dentro da Venezuela para sustentar sua revolução. O presidente acredita que o venezuelano pode usar as Farc dentro da Colômbia para combater o seu governo democrático;, afirma a nota da embaixada. A estratégia colombiana é relatada em telegrama confidencial do Departamento de Estado sobre um encontro entre do ex-presidente e o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, Michael Mullen.
Durante a conversa, Uribe afirmou que estaria disposto a autorizar o Exército a cruzar a fronteira venezuelana para capturar líderes da guerrilha. ;A melhor forma de enfrentar Chávez, segundo o ponto de vista de Uribe, continua sendo a ação, incluindo o uso da força militar;, relata o telegrama. Dois meses depois desse relatro, datado de janeiro de 2008, tropas colombianas bombardearam no Equador um acampamento das Farc e matou o ;número dois; da guerrilha, Raúl Reyes. O episódio causou duras reações diplomáticas na região, inclusive do Brasil ; que, segundo o telegrama, foi mencionado por Uribe como um aliado que ;prefere neutralidade para não ofender ninguém;.
Mais de 1,3 mil documentos diplomáticos americanos, de um total de 250 mil obtidos pelo WikiLeaks, já foram revelados. O fundador do site, Julian Assange, foi detido na semana passada, em Londres, e hoje comparecerá ao tribunal que examina um pedido de extradição feito pela Suécia, onde ele é acusado de estupro. Uma petição on-line que convoca internautas a defender Assange conseguiu quase 600 mil assinaturas, e ontem militantes pró-direitos humanos fizeram uma manifestação de apoio a ele no Reino Unido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender o fundador do WikiLeaks durante a solenidade de entrega do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, no Palácio do Planalto. Lula afirmou que, após deixar o cargo, pretende participar de manifestações contra a censura. ;Com certeza vamos protestar, um protesto contra aqueles que censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque liberdade de imprensa não tem meia cara, liberdade de imprensa é total e absoluta. Não pode desnudar apenas um lado, precisa desnudar tudo.;
SUSPEITA NO PARAGUAI
Para ingressar no Mercosul como sócio pleno, a Venezuela depende apenas do Senado paraguaio. Depois de a decisão ter sido adiada diversas vezes, inclusive na última sexta-feira, o presidente Hugo Chávez foi acusado de tentar subornar parlamentares para que aprovem a adesão. Cerca de US$ 12 milhões teriam sido distribuídos, segundo denúncia de opositores ao presidente Fernando Lugo ; sobre quem paira a suspeita de ter também recebido dinheiro do colega para acelerar o processo.
A transação teria sido feita por intermédio de um comerciante de armas russo, que não teve a identidade revelada, com a ajuda de um general paraguaio da reserva. O dinheiro teria sido depositado em um banco argentino, em contas pessoais de cada parlamentar, segundo o senador Juan Carlos Galaverna, um dos autores da denúncia. ;O esquema foi descoberto porque houve problemas na distribuição do dinheiro. O objetivo de Chávez era persuadir os partidos para votar a favor da entrada da Venezuela, e, de fato, ele agora tem maioria no Congresso e vai conseguir o que quer. O presidente Lugo está envolvido também;, disse o senador ao Correio. O Ministério Público paraguaio deve investigar o caso. A votação no Senado está prevista para a próxima semana.