Agência France-Presse
postado em 14/12/2010 20:16
Estrasburgo - Membros do Exército de Libertação do Kosovo (UCK), o movimento separatista albanês do fim dos anos 90, organizou uma rede de tráfico de órgãos retirados de prisioneiros sérvios executados entre 1999 e 2000, revela um relatório do Conselho da Europa."Numerosas informações parecem confirmar que foram retirados órgãos de prisioneiros em uma clínica no território albanês, próxima a Fushe-Kruje (20km ao norte de Tirana), para vendê-los ao exterior para transplante", revelou o suíço Dick Marty, um dos autores do relatório divulgado nesta terça-feira (14/12), a pedido da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
"Esta atividade criminosa, que se desenvolveu em meio ao caos na região e graças à iniciativa de certos líderes das milícias do UCK ligados ao crime organizado persiste, de certa forma, até os dias de hoje", denunciou Marty.
Segundo testemunhas, os prisioneiros eram executados com um tiro na cabeça e, imediatamente "operados para a retirada de um ou vários órgãos", principalmente rins, destinados a clínicas particulares estrangeiras.
O governo do Kosovo rejeitou imediatamente tais acusações, qualificadas de "invenções" com o "objetivo de manchar a UCK e seus dirigentes".
O atual primeiro-ministro do Kosovo, Hashim Thaci, que lidera a apuração das eleições legislativas de domingo, foi um dos líderes da UCK na luta contra as forças do então presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic.
Entre os membros da rede criminosa o relatório identifica o cirurgião Shaip Muja, dirigente histórico do UCK e atual conselheiro político do próprio Thaci, especialmente na área de saúde.