Agência France-Presse
postado em 18/12/2010 16:22
O Senado dos Estados Unidos suspendeu, este sábado (18/12), o último obstáculo para a anulação da lei que proíbe tornar pública a condição de homossexual a integrantes das Forças Armadas, o que o presidente Barack Obama considerou um "avanço histórico"."Hoje, houve um avanço histórico no Senado para terminar com uma política que minava nossa segurança nacional, violando os ideais dos nossos valentes homens e mulheres militares que arriscam a vida para nos defender", disse Obama.
"Nossa nação não negará mais o serviço a milhares de americanos patrióticos, obrigados a deixar o Exército, apesar de uma atuação exemplar de muitos anos, porque são homossexuais", afirmou o presidente em um comunicado.
"E centenas de milhares mais não deverão viver na mentira para poder servir ao país que amamos", acrescentou.
Obama falou após a votação, no Senado, que encerrou o debate para abolir a lei "Don;t ask, don;t tell" ("Não pergunte, não diga"), em vigor desde 1993, por 63 votos a favor e 33 contra, levantando o último obstáculo para anular a lei este fim de semana.
Agora, espera-se que a anulação da norma - que já foi votada pela Câmara de Representantes - ocorra ainda neste fim de semana e seja apenas um trâmite.
O tema tem provocado um intenso debate na sociedade americana nos últimos meses, envolvendo personalidades como a cantora Lady Gaga, que difundiu várias mensagens na internet a favor da supressão da lei, que qualifica de "discriminatória".
O Senado havia rejeitado, na semana passada, uma primeira versão da medida, que faz parte de um amplo projeto de lei de financiamento do Pentágono.
No entanto, a Câmara de Representantes aprovou, em maio, a abolição da lei que obriga os gays e lésbicas das Forças Armadas americanas a esconder sua orientação sexual sob a ameaça da expulsão.
Após o fracasso que supôs o repúdio do Senado, representantes das duas câmaras e das duas forças políticas decidiram propor um novo projeto de lei independente, isto é, que não dependesse de outro texto.
A Câmara de Representantes aprovou a nova proposta por 250 votos a favor e 175 contra.
Esperava-se uma oposição maior no Senado, apesar de que o senador independente Joe Lieberman havia antecipado na sexta-feira que "dispomos dos votos, é o momento de fazê-lo", em declarações à CNN.
No partido republicano continua havendo senadores contrários ao acordo desde o começo, embora alguns, como as centristas Susan Collins e Olympia Snowe se uniram à maioria que apóia a questão.
Os republicanos expuseram que vários altos comandos das Forças Armadas americanas se opõem à abolição, entre eles o general James Amos, chefe da Marinha.
Obama manifestou várias vezes o desejo de abolir a lei "Don;t ask, don;t tell" antes do fim do ano.
O chefe de Estado-maior conjunto dos Estados Unidos, o almirante Michael Mullen, assegurou recentemente que os soldados americanos estavam preparados para abolir o texto controvertido.
A lei, que foi revisada pela Justiça americana em vista de seu caráter discriminatório, provocou desde sua aprovação, em 1993, a saída de 14.000 soldados por causa de sua homossexualidade, segundo várias associações.
Um estudo do Pentágono revelou, no fim de novembro, que 70% de 115.000 militares e 44.000 parceiros de militares interrogados são favoráveis à anulação da lei, mas alguns representantes republicanos das duas câmaras temem que a suspensão ameace a eficácia dos soldados em combate.