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Ex-presidente argentino Duhalde lança a candidatura

Agência France-Presse
postado em 20/12/2010 19:23
Buenos Aires - O ex-presidente argentino Eduardo Duhalde, um peronista arquirrival de Cristina Kirchner, lança nesta segunda-feira (20/12) a pré-candidatura às presidenciais de 2011, somando-a às de Ricardo Alfonsín, Elisa Carrió e Fernando Solanas, outros opositores na corrida.

Com o lema "Porque sabemos e podemos", Duhalde (2002-2003), de 69 anos, tomou a dianteira ante outros presidenciáveis do peronismo dissidente, com um ato em Costa Salguero, bairro de classe média alta da capital, longe de Lomas de Zamora, histórico feudo, na populosa periferia sul.

Duhalde, um peronista ortodoxo e liberal, que foi vice-presidente do primeiro período presidencial de Carlos Menem (governou entre 1989 e 1999), é apontado pelo governo como quem está estimulando, nos últimos dias, as ocupações de terras por moradores sem-teto.

"Duhalde disse que se retirava da política e hoje lança a candidatura a presidente. Fala de um estado pré-anárquico e de restabelecer a ordem, mas é parte dos setores que tentam gerar um clima de instabilidade", advertiu nesta segunda-feira o ministro do Interior, Florencio Randazzo.

"Há cinco anos tentam culpar-me por tudo o que a Argentina passou. Quero construir a paz e impor a ordem sem dar tiros", respondeu Duhalde.

Este mês lançaram as pré-candidaturas Ricardo Alfonsín, da social-democrata União Cívica Radical (UCR), a liberal-cristã Elisa Carrió e o centro-esquerdista Fernando ;Pino; Solanas. Ainda não se sabe, por enquanto, oficialmente, se a presidente vai concorrer à reeleição.

Duhalde era senador quando foi eleito presidente pelo Congresso, em 2002, para terminar com um governo acéfalo após a queda do conservador Fernando de la Rúa (1999-2001), em meio a uma rebelião popular que deixou 30 mortos e a pior crise econômica da história do país.

Entre De la Rúa e Duhalde passaram três presidentes eleitos pelo Congresso em menos de duas semanas, entre os dias 20 de dezembro de 2001 e 1 de janeiro de 2002.

Duhalde também renunciou ao cargo, sem concluir o mandato, e conclamou eleições nas quais impôs o homem que apadrinhou, o ex-chefe de Estado Néstor Kirchner (2003-2007), de quem logo se converteu em inimigo.

"Os Kirchner estão destruindo o peronismo", disse uma vez Duhalde sobre o casal que domina a política do país nos últimos sete anos.

"Ele é como o chefão (do filme de Francis Ford Coppola)", reagiu Cristina Kirchner.

A nova candidatura poderá ser pulverizada nas primárias do peronismo dissidente pelos governadores Mario Das Neves (Chubut, sul) e Alberto Rodríguez Saá (San Luis, centro).

Todos eles mantêm a pretensão presidencialista pelo chamado Peronismo Federal.

Grupos sociais se mobilizavam nesta segunda-feira para repudiar a postulação de Duhalde a quien responsabilizam pelo assassinato de dois "piqueteros" (pobres e desempregados), abatidos por balas policiais durante manifestação, em junho de 2002.

Essas mortes forçaram, em 2003, a convocação de eleições que levaram à presidência Néstor Kirchner.

Segundo pesquisa feita em novembro pela consultora Poliarquía, a presidente se imporia no primeiro turno com 46% dos votos, superando o candidato radical (19%), e na frente do prefeito portenho, o direitista Mauricio Macri (13%), de Solanas (10%) e Duhalde (8%).

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