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Testes militares realizados por Seul agravam crise com a Coreia do Norte

postado em 21/12/2010 08:00
Morador de Yeonpyeong usa máscara, com medo de ataque do NorteOs moradores de Yeonpyeong, na Coreia do Sul, colocaram as máscaras antigás e se espremeram em bunkers, à espera do pior. Em 23 de novembro passado, a artilharia norte-coreana havia disparado cerca de 170 projéteis contra a ilha, matando dois marines e dois civis. Novos estrondos sacudiram a região ontem, dessa vez provocados pelas próprias forças do país. Por volta das 14h30 (3h30 em Brasília), caças F-15 sul-coreanos começavam a ;rasgar; o céu, enquanto barragens de artilharia duraram cerca de 90 minutos.

O exercício militar foi visto por analistas como uma jogada política de Seul, uma tentativa do governo de Lee Myung-bak de melhorar sua autoimagem após não retaliar o ataque de dois meses atrás. As simulações de batalha também aumentaram a tensão na Península Coreana. Pyongyang decidiu não responder aos testes. ;As forças das armadas revolucionárias da República Democrática Popular da Coreia não sentiram qualquer necessidade de retaliar contra qualquer provocação desprezível como essa;, afirmaram autoridades norte-coreanas citadas pela agência KCNA.

Incoerência
Para o sul-coreano Yong Chen, cientista político da Universidade da Califórnia-Irvine, os exercícios bélicos são ;um modo de o governo limpar sua cara;. ;Trata-de se algo bem irresponsável. O Sul não parece ter desenvolvido uma política coerente de longo prazo;, critica, em entrevista ao Correio. ;Os testes tornarão a situação muito pior;, adverte. Filha de norte-coreanos, a sul-coreana Kongdan Oh ; especialista em Leste da Ásia pela Brookings Institution ; acredita que Pyongyang não reagiu ontem porque não pretende abrir mão de um fator crucial: a surpresa. Ela defende a estratégia de Seul. ;Qualquer nação sob ataque e sob provocação potencial tem que estar pronta para uma próxima ação, e o exercício militar é parte legítima da defesa nacional;, sustenta, por e-mail.

Também sul-coreano, Won K. Paik, da Universidade Central de Michigan, explica que as simulações foram muito mais uma aposta política do que um risco militar. ;Lee recebeu muitas críticas de grupos conservadores e dos veteranos por não ter respondido ao ataque do Norte de modo adequado;, comenta. Com os testes de ontem, Seul ignorou os pedidos de Pequim e mostrou os dentes para Pyongyang. ;O mundo deveria saber quem é o verdadeiro campeão da paz e quem é o real provocador de uma guerra;, alfinetou a KCNA.

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