Agência France-Presse
postado em 22/12/2010 16:38
Santiago - A Câmara de Deputados chilena aprovou na terça-feira um texto que declara a guerrilha colombiana das Farc uma "organização terrorista", anunciou o Legislativo nesta quarta-feira (22/12)."Com 39 votos a favor e dois contra, a Câmara de Deputados aprovou um projeto de acordo que declara as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma ;organização terrorista; e expressa seu repúdio às ligações que ela tenha com partidos ou grupos sociais de qualquer natureza que existam em nosso país", afirma o comunicado da Câmara.
A iniciativa, apresentada por deputados da direita governista, pretende "fazer chegar ao Governo da Colômbia seu apoio aos esforços para manter a ordem constitucional e democrática neste país".
"As Farc semearam o terror na Colômbia durante décadas, assassinando, sequestrando e violentando pessoas e comunidades inteiras. Apenas em 2009, calcula-se que as Farc assassinaram cerca de 17 mil pessoas e, nos últimos 10 anos, sequestraram mais de 300", afirma o projeto de acordo, um texto não vinculativo por meio do qual os deputados expressam sua opinião sobre diversos temas.
Além disso, destaca que 33 Estados declararam como "terrorista" a guerrilha e a necessidade de que o "Chile não fique à margem desta grave situação que ultrapassa fronteiras e atenta contra a dignidade e a segurança da América Latina".
No início de 2010, as autoridades colombianas fizeram chegar ao Ministério Público chileno um informe sobre supostas viagens de indígenas mapuches a regiões da guerrilha na Colômbia.
Os mapuches são a maior etnia chilena e atualmente reivindicam terras dos ancestrais no sul do país.
"Não tenho um julgamento positivo sobre as Farc, mas o projeto tem uma lógica inaceitável, que é transformar as Farc em um sinônimo de terrorismo ou estabelecer uma verdade oficial de que existe um vínculo com organizações mapuches", afirmou o socialista Marcelo Díaz, um dos dois deputados que votou contra a iniciativa.
"Se querem dizer isso, que façam uma denúncia nos tribunais e não um projeto de acordo da Câmara de Deputados", acrescentou, em declarações ao jornal El Mercurio.