Agência France-Presse
postado em 26/12/2010 15:25
Jos - Pelo menos uma pessoa foi morta e duas casas foram queimadas em uma nova onda de enfrentamentos neste domingo em Jos, na Nigéria, depois dos ataques perpetrados na véspera do Natal que deixaram mais de 30 mortos, informou a polícia local.
"Houve enfrentamentos entre dois grupos, mas a situação está sob controle agora", disse à AFP o delegado Abdulrahman Akano, da polícia do estado de Plateau, cuja capital é Jos. "Uma ou duas casas foram incendiadas".
Em relação a vítimas, Akano indicou que "só vimos um, uma pessoa".
Pelo menos 32 pessoas morreram e 74 ficaram feridas após uma série de atentados na véspera de Natal em Jos, na Nigéria. A maioria das vítimas fazia as últimas compras de Natal, e uma igreja foi vandalizada.
Na mesma noite, supostos membros de uma seita islâmica atacaram três igrejas no norte da Nigéria, matando seis pessoas e queimando um dos templos.
Jos, capital do estado de Plateau, fica no meio do caminho entre o norte predominantemente cristão e o sul, habitado majoritariamente por comunidades cristãs.
O exército patrulhava as ruas da cidade neste domingo, para evitar novos atos de violência.
O chefe do Estado Maior do exército, general Azubuike Ihejirika, alertou para o fato, apontado no sábado pelo delegado Akano, de que o uso de explosivos não tem precedentes no histórico de violência intercomunal que assola a região, principalmente a poucos meses das eleições gerais.
"O objetivo de quem planejou estes ataques é jogar os cristãos contra os muçulmanos e dar início a uma nova onda de violência que por fim culminará no caos e interromperá o atual processo eleitoral", estimou Jonah David Jang, governador de Plateau, discursando em rede nacional de televisão.
Além dos atentados em Jos, supostos membros da seita islamita Boko Haram - que reivindica ter vínculos com os talibãs afegãos - atacaram na sexta-feira três igrejas na cidade de Maiduguri, no norte do país, chegando a incendiar uma delas. Seis pessoas foram mortas, segundo o exército.
Até este momento, porém, nenhuma relação foi estabelecida entre as duas séries de ataques.
O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, prometeu no sábado que o governo fará todo o possível para que os responsáveis pela morte de "nigerianos inocentes, tanto cristãos quanto muçulmanos", sejam levados à justiça.
O papa Bento XVI denunciou neste domingo a "violência absurda" contra cristãos depois dos ataques contra cristãos nigerianos.
"Fui informado com grande tristeza sobre o ataque (...) contra igrejas cristãs na Nigéria", disse o pontífice.
"A terra foi mais uma vez manchada de sangue, como já vimos em outras partes do mundo", lamentou Bento XVI, oferecendo suas condolências às vítimas desta "violência absurda" durante a bênção do Angelus no Vaticano.
Grupos de defesa dos direitos humanos nigerianos afirmam que mais de 1.500 pessoas foram vítimas da violência entre cristãos e muçulmanos apenas este ano.
As eleições na Nigéria estão marcadas para o mês de abril, e observadores internacionais já alertaram para um aumento da violência ligado à aproximação do pleito.