postado em 29/12/2010 15:45
Roma - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) teme que a cólera provoque perdas na agricultura do Haiti e afete boa parte da colheita de arroz, advertiu a entidade esta quarta-feira (29/12), em comunicado divulgado em Roma."Uma parte importante da colheita de arroz no noroeste do Haiti poderia se perder devido ao temor dos camponeses de contágio de cólera", sustentou a FAO em um relatório.
O organismo da ONU e o ministério haitiano de Saúde e Agricultura lançaram uma campanha para promover a colheita de arroz em condições higiênicas destinadas aos agricultores resistentes a colher o grão nas atuais condições do país, devastado após o terremoto do começo do ano, situação que se agravou com a epidemia de cólera.
"Muitos camponeses estão evitando colher, temendo que a água nos rios e canais que regra seus arrozais e outros terrenos possa estar infectada", reconheceu a FAO no documento.
"Também há consumidores que se negam a adquirir produtos procedentes de regiões afetadas diretamente pelo surto de cólera, o que provocará um impacto ainda maior no comércio agrícola na região", destacou a agência.
A FAO decidiu trabalhar em colaboração com as autoridades haitianas e os organismos da ONU que se ocupam da saúde e do saneamento para dar aos camponeses "a informação correta sobre as medidas que devem tomar para trabalhar nos campos".
Para Etienne Peterschmitt, coordenadora da campanha da FAO para a emergência e a reabilitação no Haiti, "é muito importante que as medidas para combater a transmissão da doença estejam orientadas de forma específica às comunidades agrícolas e, de forma especial, aos trabalhadores agrícolas". A entidade sugere que a campanha se faça de pessoa a pessoa, com formação prática e divulgação.
"Sem uma resposta oportuna ao dano provocado à agricultura do Haiti pelas inundações e a cólera, a segurança alimentar pode desabar, agravando as consequências do terremoto de janeiro passado entre a população rural pobre", advertiu a agência especializada das Nações Unidas.
Os efeitos da epidemia de cólera aumentaram devido às inundações de novembro, provocadas pelo furacão Tomas, que danificou as infraestruturas agrícolas, afetando 78.000 hectares e cultivos e intensificando a propagação da doença, com o resultado de uma crise sanitária que afeta mais de 50.000 famílias rurais, segundo a FAO.