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Ex-presidente de Israel considerado culpado de estupro

Agência France-Presse
postado em 30/12/2010 20:44
Tel Aviv - O ex-presidente israelense Moshe Katzav foi declarado culpado, nesta quinta-feira (30/12), de violentar duas vezes a mesma funcionária, ao final de um processo de mais de quatro anos durante o qual alegou ter sido vítima de um "linchamento político".

O ex-chefe de Estado, de 65 anos, foi considerado culpado por um tribunal de Tel Aviv de dois estupros contra uma subordinada na época em que era ministro do Turismo, nos anos 90.

Ele também foi considerado culpado de atentado ao pudor, em dois atos, incluindo uma acusação de uso da força e assédio sexual, contra três funcionárias do ministério do Turismo e mais tarde da Presidência, para a qual foi eleito em 2000.

Katzav também foi declarado culpado de obstrução à Justiça.

A pena de Katzav, que será anunciada em janeiro, pode variar de oito a 16 anos de prisão.

Katzav sempre declarou inocência, desde que foi indiciado em 19 de março de 2009. Dezenas de testemunhas foram ouvidas a portas fechadas desde então.

O ex-presidente foi obrigado a entregar o passaporte e está proibido de deixar o país.

Seu advogado, Avigdor Feldman, declarou à rádio israelense a intenção de entrar com apelação, considerando que a severidade do veredicto "permite descartar o fato de que o tribunal ignorou as provas".

Vestido com um terno cinza, Katzav ficou pálido e murmurou "não, não", ao ouvir o presidente do tribunal, George Kara, ler o veredicto.

"Quem usou uma linguagem dupla foi o acusado, cujos supostos álibis foram reduzidos a pó", afirmou Kara, acrescentando que "nós acreditamos na demandante, pois seu depoimento estava respaldado em provas e ela disse a verdade".

"Quando ela rejeitou as insinuações (de Katzav), o acusado começou a assediá-la, até se vingar. A jovem tentou se defender, quando o acusado fez uso da força e da violência no ministério do Turismo, mas também em um hotel de luxo", acrescentou o juiz.

"O depoimentoe Katzav estava repleto de mentiras", insistiu Kara.

"É um dia triste para o Estado de Israel e seus cidadãos, mas o tribunal divulgou hoje duas mensagens muito claras sobre a igualdade de todos perante a lei e sobre o pleno direito de a mulher dispor do próprio corpo", considerou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, líder do Likud, o partido conservador ao qual Katzav também pertence.

As primeiras revelações sobre o comportamento do ex-presidente foram publicadas em 2006 e o processo foi marcado por várias reviravoltas.

Após meses de investigação, os advogados do ex-presidente chegaram a obter um acordo ratificado pela Suprema Corte para que ele fosse acusado de "assédio sexual", e "atentado ao pudor", mas não de estupro.

Katzav decidiu rejeitar o acordo e afirmou que era "vítima de um imundo complô e de um linchamento organizado".

Esta decisão foi um "grande erro" da parte de Katzav, opinou o juiz.

O ex-presidente, judeu praticante de origem iraniana e pai de cinco filhos, renunciou à presidência de Israel em junho de 2007, por causa das acusações.

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