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Obama deve contornar a desaprovação para garantir a reeleição em 2012

postado em 02/01/2011 08:43
Com um ano difícil pela frente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, começou 2011 esticando um pouco mais as férias no Havaí. Quando voltar à Casa Branca, na próxima terça-feira, terá de enfrentar os desafios não resolvidos na primeira metade de seu mandato: a guerra no Afeganistão, o fechamento de Guantánamo, o desemprego e o enorme déficit. Contra ele, Obama terá um Congresso com maioria republicana na Câmara e uma tímido domínio democrata no Senado, e o tempo ; uma vez que a campanha informal para a sucessão na Casa Branca já tem início agora. E, com a desaprovação de quase metade da população, dificilmente ele conseguirá garantir sua permanência até 2016. No primeiro dia do ano, Obama apelou aos republicanos para que o ajudem a reforçar a economia.Ele prometeu aos americanos ;fazer de tudo; para triunfar sobre a crise.

Obama precisará, antes de tudo, reconquistar a confiança do povo. Uma pesquisa da rede de TV CNN divulgada na última semana mostrou que 47% da população acha que suas políticas vão fracassar em 2011, número que, um ano atrás, era de 40%. Os que se disseram otimistas somam 44% ; bem menos do que os 52% que afirmaram acreditar no sucesso do governo. Mas o presidente já parece ter planos para se reaproximar da população e resgatar a euforia dos comícios de 2008. Segundo Valerie Jarrett, uma de suas assessoras, Obama declarou que deseja passar mais tempo rodando pelo país, ;ouvindo, aprendendo, e se engajando com a população;. ;É o que dá a ele energia e força. Por isso, ele está determinado a assegurar que, em 2011, a agenda reflita essa prioridade;, disse Jarrett ao programa Meet the press, da NBC.

Obama não poderá se afastar muito de Washington. Com a maioria dos republicanos no Congresso, sua presença será fundamental para reforçar a enfraquecida base governista e tentar resgatar sua promessa de campanha de buscar soluções bipartidárias para os problemas do país. Há duas semanas, ele sinalizou positivamente à oposição, bancando a extensão, até 2012, do plano de cortes tributários de US$ 858 bilhões, criado durante o governo Bush. Sem essa ação, que irritou os democratas, 150 milhões de americanos sofreriam um aumento de impostos.

Pedras no sapato
O maior desafio continuará sendo lidar com o deficit que alcançou US$ 1,3 bilhão em 2010, e o desemprego, que atinge quase um em cada 10 americanos. ;O grande obstáculo do presidente é a continuação da fragilidade da economia americana. Infelizmente, Obama não tem soluções e isso será uma fonte de muitos problemas. Ele vai gastar mais e tentará regular em outras coisas, o que só vai agravar o problema;, opina David Boaz, do Instituto Cato. Para Boaz, enquanto a economia estiver fraca e Obama for percebido como o presidente dos ;planos de resgate; a bancos e dos enormes gastos públicos, o mandatário não vai conseguir se reaproximar dos eleitores independentes e moderados.

William Allen, cientista político da Universidade Estadual de Michigan, no entanto, acredita que, se Obama for esperto, pode até tirar proveito da grave crise que assola o país. ;Neste ano, é possível esperar uma recuperação modesta a partir do processo normal do ciclo econômico, desde que o presidente não faça nada para prejudicá-lo. E esse será o melhor resultado que ele pode obter;, avalia. Na visão do especialista, é muito claro o início da campanha presidencial de Obama no começo deste ano. ;Tudo o que ele fizer a partir de agora será calculado para atingir o objetivo da reeleição. Assim, ele não deverá fazer nada que o exponha a críticas negativas e tudo o que lhe permitir capitalizar qualquer evolução positiva;, afirma Allen, destacando que Obama deve evitar medidas polêmicas, como a legalização do casamento gay.

A oposição no Congresso deverá atrapalhar a realização de promessas de campanha, como a reforma migratória e o fechamento da prisão de Guantánamo. No entanto, e specialistas creem que Obama não deverá insistir muito para alcançar as duas metas, caso elas se mostrem impopulares. ;Não são boas apostas, porque não há apoio significativo no Capitólio. E algumas iniciativas dos democratas já foram extremamente impopulares, como a reforma da saúde, o projeto de estímulo econômico de 2009, e a lei ;cap and trade; (para a redução de gases do efeito estufa);, afirma David Mayhew, da Universidade de Yale.

Dez férias em dois anos
Que o presidente dos Estados Unidos precisa de descanso, ninguém discorda. Mas a frequência das férias de Barack Obama tem sido cada vez mais contestada pela população americana, que já viu seu líder sair de folga por 10 vezes em dois anos. A contagem, feita pela rede CBS, inclui desde folgas de um e dois dias até férias de mais de uma semana da família Obama, quase sempre no Havaí, onde Barack passou a adolescência. Apesar da grande quantidade, na soma total de dias, seu antecessor, George W. Bush, ainda é o vencedor. Mas esse não é um argumento tão forte para convencer os americanos, que ainda sofrem os impactos da recessão e com o desemprego. Ainda mais depois da divulgação das despesas com as últimas férias, no Havaí, que só devem terminar na terça-feira. Segundo um jornal local, a viagem custará, pelo menos, US$ 1,4 milhão ao governo.

Mesmos desafios, solução mais difícil
Confira quais problemas Obama precisará resolver com uma oposição mais forte do Congresso:

* Afeganistão

Em dezembro, Obama confirmou que pretende cumprir o prazo de julho para o início da retirada das tropas do Afeganistão. Só que a insegurança aumenta gradativamente no país. Na última semana, um alto funcionário da ONU afirmou que a ação dos talibãs tem avançado para regiões antes não afetadas. Desde 2001, mais de 1.430 militares americanos morreram, e foram gastos cerca de US$ 299,6 bilhões.

* Desemprego

O tema está no topo da preocupação dos norte-americanos. As taxas de desemprego permaneceram em quase 10% durante todo o último ano, e o grande desafio para Obama é diminuir essas taxas até o fim de 2011 ; quando começa a campanha para a sucessão na Casa Branca. Estimativas apontam que mais de 15 milhões de americanos estão sem emprego atualmente.

* Deficit e cortes

Obama começará 2011 sob a sombra da crise financeira iniciada três anos antes. Seus desafios serão cortar os gastos excessivos do governo ; grandes responsáveis pela queda da sua popularidade ; e combater o deficit de US$ 1,3 bilhão. No último mês, Obama conseguiu a aprovação no Congresso para estender, até 2012, o plano de cortes tributários de US$ 858 bilhões, criado no governo Bush.

* Imigração

Uma das principais promessas de Barack Obama foi alcançar uma reforma que regularize os 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos. No entanto, há pouca esperança de que ele consiga fazer o tema avançar, graças à minoria no parlamento. Há duas semanas, um projeto de lei para regularizar jovens imigrantes ilegais não passou no Senado, que ainda tinha ampla maioria governista.

* Guantánamo

A primeira decisão anunciada por Obama assim que assumiu dificilmente será cumprida no próximo ano. A Câmara dos Deputados vetou a destinação de verbas para realocar os 174 prisioneiros de Guantánamo em território norte-americano.
Com maior oposição no Congresso, o presidente terá mais dificuldade para fechar a polêmica prisão e realizar julgamentos em tribunais civis americanos.

* Oriente Médio
Depois do início das conversas diretas entre palestinos e israelenses, em setembro, o processo parou, após a decisão unilateral do governo do premiê Benjamin Netanyahu de não estender a moratória sobre as construções em assentamentos judaicos. Nem mesmo a pressão feita por Washington surtiu efeito. A Autoridade Palestina se nega a conversar sem um novo congelamento das colônias.

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