Agência France-Presse
postado em 02/01/2011 20:42
Karachi - O segundo partido da coalizão no poder no Paquistão abandonou neste domingo (2/1) o governo, agravando a crise enfrentada pelo premier Yusuf Raza Gilani e desestabilizando um aliado chave na guerra contra a Al-Qaeda.O Movimento Muttahida Qaumi (MQM, siglas em inglês) sai do governo dias após a renúncia de seus dois ministros no gabinete, em meio às negociações com o Partido do Povo Paquistanês (PPP), no poder.
O atual governo, que assumiu a menos de três anos, perde assim a maioria no Parlamento e fica exposto a uma moção de censura da oposição.
"Decidimos passar à oposição porque o governo não fez nada para solucionar as questões que apresentamos", declarou à AFP um líder do MQM, Faisal Sabzwari.
MQM discorda há muito tempo do PPP, do impopular presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, sobre a violência política em Karachi, a reforma tributária exigida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a corrupção e sobre a inflação crescente.
Sem as 25 cadeiras do MQM, a coalizão liderada pelo PPP soma apenas 160 dos 342 membros da Assembleia Nacional, abaixo da maioria de 172 representantes.
Yusuf Raza Gilani tentou passar tranquilidade e afirmou que o governo "não vai cair".
"Fui eleito de forma unânime. Todos os partidos votaram em mim na Assembleia Nacional. Temos contatos com todos os partidos", afirmou Gilani.
O ministro da Informação, Qamar Zaman Kaira, se disse confiante na volta do MQM à coalizão de governo, mas Sabzwari parece intransigente.
"O governo não escutou nossas demandas sobre controle da inflação e corrupção, e agora quer agravá-las com novos impostos", disse Sabzwari.
Na noite de hoje, o MQM declarou que vai protestar contra "as decisões impopulares" do governo de Gilani, citando a alta dos preços dos combustíveis.
A crise se precipitou na semana passada, com a renúncia do ministro Faroop Sattar, responsável pelos Paquistaneses no Estrangeiro, e do ministro Babar Ghauri, dos Portos e Transporte Marítimo, ambos do MQM.
Paquistão é um aliado chave dos Estados Unidos na luta contra os talibãs e contra a rede terrorista Al-Qaeda.
Washington considera que as zonas tribais paquistanesas na fronteira com o Afeganistão são o quartel-general da Al-Qaeda e considera vital a ação militar nesta região.