Agência France-Presse
postado em 03/01/2011 11:07
Quarenta e cinco policiais ficaram feridos no domingo no Cairo em confrontos entre cristãos coptos e forças de segurança, no dia seguinte ao atentado contra uma igreja em Alexandria, norte do Egito, que deixou 21 mortos e 79 mortos.Os confrontos aconteceram à margem de uma manifestação de centenas de pessoas que se reuniram na Catedral de São Marcos, sede do patriarca copto ortodoxo Chenuda III.
Os manifestantes não aceitavam a presença de representantes oficiais que chegaram para apresentar suas condolências depois do atentado contra uma igreja da segunda cidade do país na noite de Ano Novo.
Os manifestantes jogaram pedras contra o secretário de Estado para o Desenvolvimento Econômico, Osman Mohamed Osman, depois que este se reuniu com Chenuda III, no momento em que ocorriam confrontos entre manifestantes e policiais no exterior do recinto.
Segundo a polícia, outros mil coptos também se manifestaram diante do ministério das Relações Exteriores, e na província de Assyut (sul). De acordo com uma testemunha, os coptos agrediram um muçulmano e destruíram três carros no povoado de Al Izziya.
O Egito teme que se agravem as tensões religiosas, dois dias depois do atentado atribuído pelo governo ao terrorismo internacional ligado à rede Al-Qaeda.
Cinco mil pessoas compareceram no domingo ao funeral das vítimas do atentado contra a igreja dos Santos no cemitério copta da segunda maior cidade do Egito.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, denunciou no sábado o envolvimento de "mãos estrangeiras" na matança.
A hipótese de um carro-bomba, levantada a princípio pelas autoridades, foi descartada pelo ministério do Interior, que revelou que o massacre foi "provavelmente" praticado por um camicase, que teria levado explosivos de fabricação caseira, seguindo ordens "de elementos externos".
O atentado, que não foi reivindicado, ocorreu dois meses depois de que um grupo próximo ao braço iraquiano da Al-Qaeda que teria sido responsável pelo ataque contra uma catedral em Bagdá, em 31 de outubro, ameaçou os coptas egípcios caso sua igreja não libertasse duas cristãs que, segundo o grupo, estão "presas em conventos" por terem se convertido ao Islã.
Os coptas, a maior comunidade cristã do Oriente Médio, representam de 6% a 10% da população do Egito, de um total de 80 milhões de habitantes, a maioria de muçulmanos sunitas.
O patriarca da Igreja copta, Chenuda III, pediu que os autores do ataque sejam rapidamente detidos e julgados, qualificando o atentado de ato "terrorista" e "covarde" que busca "desestabilizar o país".
As principais autoridades religiosas muçulmanas do Egito, bem como o movimento islamita de oposição da Irmandade Muçulmana, também condenaram com firmeza o massacre.
O atentado foi igualmente condenado pela comunidade internacional.
Depois do papa Bento XVI, o Conselho das Igrejas, com sede em Genebra, condenou o "terrível ataque contra fiéis inocentes".
O presidente americano, Barack Obama, destacou que os autores da explosão não tinham "nenhum respeito pela vida e a dignidade humanas", declaração com a qual Washington se somou às firmes condenações ao atentado feitas por Paris, Londres, Roma e várias capitais do Oriente Médio.