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Parceria desenvolve teste revolucionário para o diagnóstico do câncer

postado em 04/01/2011 08:00
A multinacional farmacêutica Johnson & Johnson anunciou ontem que estabelecerá uma parceria com uma equipe de pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts (MGH), nos Estados Unidos, para desenvolver uma versão comercialmente viável para um teste que pode revolucionar o diagnóstico e possivelmente até o tratamento do câncer. O método, que tinha sido descoberto e vinha sendo aperfeiçoado há alguns anos pelos cientistas, permitiria a detecção e o isolamento de uma única célula cancerígena entre bilhões de células sanguíneas sem o recurso a métodos invasivos ; como a colonoscopia.

Na estimativa do doutor Mehmet Toner, diretor do Centro de Pesquisas sobre Sistemas Eletromecânicos do MGH, o novo exame deve demorar pelo menos cinco anos para chegar ao mercado. Chamado de ;biopsia líquida; pelo médico Daniel Haber, que chefia o centro de câncer do hospital e é um dos descobridores, o método consiste na análise de amostras de sangue por um microchip do tamanho de um cartão bancário. Ele é coberto por 78 mil cilindros microscópicos que contêm uma substância capaz de fixar as células cancerígenas, além de um corante que as torna brilhantes ; o que permite ao examinador contá-las e capturá-las.

A vantagem do método, além de evitar a retirada dolorosa de amostras de tecidos, é o potencial para repetir o procedimento em base diária. Como permite a detecção e contagem das células cancerígenas que se desprendem dos órgãos atingidos e caem na corrente sanguínea em quantidades mínimas, o teste apresenta vantagem para o acompanhamento da doença e em especial dos riscos de metástase ; sempre permitindo o diagnóstico precoce em relação aos exames atualmente em uso.

;Essa nova tecnologia nos permitiria encontrar células cancerígenas e caracterizar melhor a biologia delas;, explicou Robert McCormick, chefe do setor de Inovação Tecnológica e Estratégia da Veridex, uma das unidades da Johnson & Johnson envolvidas na parceria com o instituto de pesquisas de Massachusetts. ;A importância de podermos capturar as células é crescente, na medida em que conseguimos coletar mais dados para monitorar a evolução da doença e, potencialmente, conduzir terapias personalizadas para o câncer;, diz o comunicado oficial em que a Veridex anunciou a decisão da multinacional de unir-se às pesquisas.

O obstáculo comercial mais imediato ao lançamento do teste no mercado é o custo do material. O plástico utilizado faz com que o microchip tenha custo na casa das centenas de dólares por unidade. A Sociedade Americana do Câncer, porém, faz reservas ao otimismo dos pesquisadores e da multinacional. ;Cientistas têm trabalhado em tecnologias similares há algum tempo. É apropriado receber um anúncio como esse com entusiasmo, mas também moderar esse entusiasmo com a consciência de que restam muitas pesquisas até determinarmos o real impacto desse teste para o tratamento futuro do câncer;, disse o vice-diretor médico da entidade.

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