Agência France-Presse
postado em 06/01/2011 12:30
Os Estados Unidos decidiram enviar mais 1.400 marines ao sul do Afeganistão para ajudar na ofensiva contra os talibãs e "consolidar o progresso já conquistado", antes da redução programada das forças americanas.O secretário de Defesa, Robert Gates, "aprovou um reforço de fuzileiros navais para o sul do Afeganistão para aproveitar e consolidar os avanços alcançados e pressionar o inimigo durante o inverno", explicou o o coronel David Lapan, porta-voz do Pentágono.
Segundo o jornal The Wall Street, que cita dirigentes americanos, a chegada das tropas pode acontecer a partir de meados de janeiro, antes da primavera no Hemisfério Norte, época durante a qual aumentam os combates, e serão enviadas ao sul, perto de Kandahar.
Além desse reforço, o exército americano estuda a possibilidade de incrementar as forças no front e o total de efetivos poderá ser de até 3 mil homens, se os planos forem aprovados, ainda de acordo com o jornal.
"A ideia é tirar proveito dos avanços que realizamos nos últimos meses e pressionar o inimigo num momento em que está a nosso alcance", disse o porta-voz do Pentágono Geoff Morrel ao jornal.
O presidente Barack Obama havia informado em dezembro que o conflito no Afeganistão é uma empreitada "muito difícil", mas que os Estados Unidos estavam no caminho certo para atingir seus objetivos.
Obama falou sobre o assunto ao receber um relatório oficial sobre a nova estratégia que ele havia anunciado há um ano, de redução das forças no Afeganistão para 100 mil homens - número este que representaria o triplo dos soldados que estavam no país quando o presidente assumiu as funções no início de 2009.
Assim, o reforço de marines não deixa de ser uma surpresa, tendo em vista os preparativos para a retirada progressiva do Afeganistão das forças americanas e de seus aliados, que deve começar em julho.
A amplitude desta retirada, no entanto, ainda não foi fixada e dependerá "da situação no local", relembrou na segunda-feira o general alemão Josef Blotz, porta-voz das forças da Otan no Afeganistão (Isaf).
A coligação internacional no Afeganistão, liderada pelos Estados Unidos, que conta com cerca de 140 mil soldados no total, combate a insurreição ao lado das forças afegãs desde o fim de 2001 e da queda do regime talibã. A coligação sofreu em nove anos quase 2.300 baixas, dessas, dois terços correspondentes a americanos.
Segundo o site independente icasualties.org, as operações no Afeganistão custaram a vida de 711 soldados estrangeiros em 2010, ano de longe mais mortífero para as forças da aliança.
Essas perdas "não são prova de qualquer tipo de fracasso da nossa estratégia, pelo contrário", afirmou o general Blotz.
O reforço da Isaf, definido no fim de 2009, permitiu "colocar os talibãs em dificuldades e as redes de insurgentes nas zonas onde eles não encontravam obstáculos há muitos anos", acrescentou, referindo-se aos feudos tradicionais do sul afegão.