postado em 07/01/2011 08:15
O efetivo norte-americano no Afeganistão vai ser reforçado nas próximas semanas e chegará próximo ao teto de 100 mil combatentes, fixado pelo presidente Barack Obama. Determinado a rechaçar uma ofensiva dos insurgentes talibãs no sul do país e a ;consolidar os avanços; que avalia ter feito nos últimos meses contra os extremistas, o Departamento de Defesa anunciou o envio de mais 1,4 mil fuzileiros navais para a região, já nas próximas semanas. ;O secretário Robert Gates aprovou uma força adicional para explorar e consolidar os avanços já conquistados e exercer pressão sobre o inimigo durante a campanha de inverno;, informou o coronel David Lapan, porta-voz do Pentágono.A expectativa oficial é de que o reforço dos marines, como são chamados nos EUA os fuzileiros, cumpra uma missão de curta duração, da ordem de 90 dias. As unidades requisitadas já foram notificadas e iniciaram os preparativos para a partida da tropa. O efetivo americano atual soma 97 mil militares, contingente reforçado por Obama quando autorizou a partida de mais 30 mil soldados, há cerca de um ano. Na ocasião, o presidente deu previamente ao secretário de Defesa poderes para adicionar até mais 3 mil combatentes, se julgasse necessário.
No mês passado, em seguida à publicação de um documento anual de revisão de estratégias, Obama observou que os EUA estariam ;no rumo; para atingir seus objetivos no Afeganistão. A despeito de as forças internacionais terem registrado em 2010 o mais elevado número anual de baixas nos 10 anos de ocupação ;foram 711 mortos, segundo levantamento do site independente icasualties.org ;, o informe considera que os progressos alcançados no país seriam ;suficientes; para manter o cronograma acertado com os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Desde o início da missão, as baixas acumuladas superam 2.300 soldados, dos quais mais de 70% eram americanos.
A previsão, ratificada no documento, é de que se inicie em julho próximo uma ;redução responsável; do contingente da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, em inglês). A meta americana é encerrar oficialmente as operações de combate em 2014 e transferir a responsabilidade pela segurança do país para as tropas locais. Se os planos forem bem-sucedidos, a partir de então os EUA manterão um contingente dedicado ao treinamento dos afegãos, enquanto os aliados europeus e de outras regiões retirarão seus efetivos.
Orçamento
A capacitação do novo exército e da nova polícia do Afeganistão terá em 2011 um orçamento de US$ 11,6 bilhões, que inclui verbas norte-americanas e dos demais aliados. A ênfase dada a partir deste ano à capacitação das forças locais pode ser avaliada pelo montante, de longe o mais vultoso reservado para essa atividade, em um orçamento anual, desde a invasão do país pelos EUA, em outubro de 2001. Somado à dotação de 2010, o total chega a US$ 20 bilhões, montante praticamente igual ao acumulado dos anos anteriores.
O general americano William Caldwell, que comanda a missão de treinamento da Otan no Afeganistão, fez pela primeira vez uma exposição detalhada das aquisições de material para a tropa afegã feitas com a verba liberada pelos aliados. Entre os equipamentos comprados estão 24 mil veículos utilitários, 108 mil pistolas, 74 mil aparelhos manuais de rádio, 44 helicópteros e quatro robôs detectores de explosivos. A enumeração foi, em certa medida, uma resposta às queixas recorrentes das autoridades locais, começando pelo presidente Hamid Karzai, quanto à precariedade do material disponível para suas forças.
Recentemente, o ministro da Defesa, Rahim Wardak, veterano da resistência à ocupação do país pela hoje extinta União Soviética, nos anos 1980, sugeriu que a animosidade com Moscou à época, por conta da Guerra Fria, teria feito os americanos mais generosos. ;Quando eu combatia na guerrilha contra os soviéticos, dispunha de armas muito melhores, mais sofisticadas e mais potentes que as disponíveis agora para nosso exército;, comparou.
Apertar cintos
; O secretário de Defesa, Robert Gates, anunciou ontem uma proposta pela qual o Pentágono sofrerá um corte significativo em suas dotações orçamentárias nos próximos cinco anos ; sem afetar, porém, os gastos com operações de guerra no Iraque e no Afeganistão. Já para 2012, a previsão é rever as despesas para um total de US$ 554 bilhões, US$ 12 bilhões abaixo da previsão inicial. Entre outras medidas, Gates deve adiar a compra de um novo veículo anfíbio para desembarque de tropas sob fogo inimigo, orçado em cerca de US$ 13 bilhões. Também deve ser postergado o desenvolvimento de um novo caça-bombardeiro, o F-35. De acordo com analistas, Gates teria tomado a iniciativa de propor o enxugamento para antecipar-se a cortes decididos pela Casa Branca ou pelo Congresso.
Irã deporta americana
As autoridades do Irã anunciaram ontem que foi ;imediatamente expulsa; para a Armênia uma cidadã dos Estados Unidos detida na semana passada quando tentava cruzar a fronteira entre os dois países. A agência semioficial de notícias Fars e a imprensa iraniana chegaram a apresentar a americana como ;espiã;, mas horas depois a emissora Al-Alam, que faz emissões em árabe, citou ;uma fonte de segurança local; segundo a qual a estrangeira teria sido barrada e deportada apenas por falta da documentação exigida.
;Essa americana não pôde entrar no Irã. Ela veio em direção aos guardas da fronteira mas, como não tinha visto, não foi autorizada a ingressar no país e foi enviada de volta à Armênia;, diz a reportagem da Al-Alam. Pouco antes, a Fars havia anunciado a detenção da mulher, de 55 anos, identificada como Hal Talayan. Os serviços de segurança teriam encontrado com ela ;materiais de espionagem (microfones) implantados nos dentes;. Assim como a emissora de televisão, a agência de notícias atribuiu a informação a uma ;fonte (policial) bem informada;.
As informações sobre o incidente continuavam desencontradas depois que os meios de imprensa mais conservadores acrescentaram supostos detalhes sobre a detenção da americana. ;Após a prisão, a espiã declarou aos seguranças que os agentes armênios a matariam se ela voltasse ao país;, diz um relato citado pela emissora oficial que transmite em farsi, o idioma oficial do Irã. Nos últimos meses, acusações de espionagem levaram à detenção de cidadãos estrangeiros ; quase todos ocidentais ; no Irã. O caso mais recente foi o de dois jornalistas alemães, que receberam no Natal a visita de familiares, mas cuja liberação continua sendo negociada entre Teerã e Berlim.
O Irã tem em seu poder desde 2009 os americanos Shane Bauer, 28 anos, e Josh Fattal, 28, detidos na fronteira com o Iraque. Eles afirmam ter cruzado por engano a fronteira durante uma caminhada pelas montanhas do Curdistão iraquiano. Sarah Shourd, 32, detida com eles, foi libertada sob fiança, por motivos de saúde, em setembro, e já voltou ao seu país. Os três foram acusados pela Justiça iraniana de espionagem ; o que Washington sempre desmentiu ; e devem comparecer perante um tribunal em 6 de fevereiro.
Sob nova gerência
O presidente Barack Obama escolheu um ex-secretário de Comércio no governo de Bill Clinton (1993-2001) para substituir o amigo Rahm Emanuel como chefe de Gabinete da Casa Branca. A nomeação de William Daley, que integra atualmente a junta diretora do banco JP Morgan, seria oficializada pelo próprio presidente, em entrevista coletiva, para encerrar o período em que o posto foi ocupado interinamente por Pete Rouse ; que passará a integrar a equipe de assessores pessoais de Obama. Emanuel deixou a chefia de Gabinete no ano passado para candidatar-se à prefeitura de Chicago pelo Partido Democrata.