Agência France-Presse
postado em 08/01/2011 14:48
ARGEL - Duas pessoas morreram e 400 ficaram feridas - entre elas 300 policiais - durante uma série de manifestações na Argélia contra as miseráveis condições de vida, anunciou neste sábado o ministro argelino do Interior, Dahu Old Kablia.A violência levou o governo a convocar uma reunião de emergência este sábado para tentar controlar a alta dos preços dos produtos básicos, que provocou imensa revolta na população.
Segundo Kablia, citado pela rádio nacional, uma pessoa foi morta a tiros na região de M;sila, 300km a sudeste de Argel. "Ela morreu quando tentava entrar em um posto da polícia", contou o ministro.
Em Bu Smail, 50km a oeste de Argel, um homem também foi morto. "Ele foi recolhido ainda ferido e o médico legista constatou que morreu em consequência de ferimentos na cabeça. No entanto, as causas de sua morte ainda não foram totalmente esclarecidas", indicou.
Horas antes, uma fonte médica havia revelado à AFP que o manifestante foi ferido por uma bomba de gás lacrimogêneo lançada pelos policiais, que o atingiu na cabeça.
O ministro informou que a polícia tem ordens para conter os protestos e evitar a desordem pública, e falou sobre os policiais feridos. "Há mais de 300 agentes (...) que foram feridos, enquanto do outro lado há menos de cem feridos".
Um conselho interministerial foi marcado para a tarde deste sábado, com o objetivo de examinar meios de frear o aumento dos preços dos alimentos básicos, motivo dos distúrbios em todo o país.
Em Annaba, a mais de 600 km de Argel, 17 pessoas ficaram feridas na noite de sexta-feira, de acordo com informações da defesa civil e de um policial, que pediu o anonimato.
Entre as vítimas, três são policiais, e um deles permanece internado em estado grave após ter sido apedrejado na cabeça.
No bairro popular de Annaba, cidade de 800.000 habitantes, os enfrentamentos continuaram durante a madrugada. Vários prédios do governo, incluindo uma subprefeitura (daira), foram saqueados, segundo testemunhas.
Em Tizi Uzu, cidade mais importante de Cabilia, a noite também foi marcada por atos de violência, segundo os habitantes. No bairro de Bukhalfa, manifestantes bloquearam a estrada que leva à capital com barricadas de pneus em chamas.
Há mais de uma semana, pequenos grupos de jovens denunciam o que chamam de "mal-viver", protestando contra o desemprego de mais de 20% e a falta de moradia.
Os jovens - que constituem 75% da população argelina, de 35,6 milhões - também reclamam do elevado custo de vida e da corrupção generalizada que domina o país.
As autoridades argelinas, por sua vez, finalmente quebraram o silêncio na sexta-feira. Hachemi Djiar, ministro da Juventude e Esportes, fez um apelo aos manifestantes, convocando-os para "dialogar de maneira pacífica".