postado em 08/01/2011 18:08
O clima de tensão e expectativa marca a véspera das votações do plebiscito no Sudão, que ocorrerão amanhã (9) e devem durar a semana inteira, segundo especialistas. Cerca de 4 milhões de eleitores deverão votar. O resultado das votações definirá se o país deve ser dividido em dois ; o Norte sob poder dos muçulmanos e o Sul a onde dominam os cristãos. O secretário-geral Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, apelou para que o processo ocorra de maneira tranquila, sem manifestações de violência nem confronto.Dos cerca de 40 milhões de sudaneses, 4 milhões fizeram o registro para votar. Nos últimos meses, a preocupação era manter a paz até a votação e também depois dela, caso o governo central não aceitasse a provável vitória dos separatistas do Sul. Para ser válida, a decisão precisa ser tomada por 60% dos eleitores inscritos.
Desde 2005, militares das forças de paz das Nações Unidas atuam no Sudão. Por 23 anos, o país viveu sob a guerra provocada pela disputa entre defensores da divisão Norte e Sul e os contrários à proposta. Em um comunicado ontem (7), Moon elogiou as declarações conciliatórias de ambas as partes, que prometeram respeitar o resultado das votações.
As Nações Unidas estimam que cerca de 120 mil favoráveis à separação, que estavam no Norte do Sudão, viajaram até o Sul para a votação do referendo. O secretário-geral lembrou ainda que eventuais conflitos podem levar a um cenário de emergência ; mortes, deslocamentos forçados e fome.
A consulta popular está prevista no acordo de paz, assinado em 2005, que pôs fim a 23 anos de guerra civil no Sudão. De um lado estava o Norte, de população muçulmana, onde fica a capital Cartum; do outro, o Sul, majoritariamente cristão, liderado a partir da cidade de Juba. Além da religião, o petróleo fazia com que o Sul lutasse pela independência. A guerra fez 1,5 milhão de mortos.
Mesmo seguindo os conselhos do Fundo Monetário Internacional (FMI), desde 1997, e sendo rico em petróleo, gás, ouro, prata, cobre e outros minérios, o Sudão ainda é um dos países mais pobres da África. Metade da população está abaixo da linha da pobreza, vivendo do que consegue plantar, ou de auxílio humanitário.