Agência France-Presse
postado em 09/01/2011 10:40
O secretário de Defesa americano Robert Gates chegou neste domingo (9/1) à China, para uma visita cujo principal objetivo é reduzir as tensões no campo militar entre Pequim e Washington.Ao mesmo tempo, expressou preocupação em relação aos últimos avanços bélicos da potência asiática.
É a primeira visita de Gates a China desde 2007, quando ainda servia ao governo do presidente George W. Bush.
O secretário dará início a sua agenda oficial na segunda-feira, apenas 10 dias antes da viagem do presidente chinês Hu Jintao aos EUA.
Chineses e americanos estão empenhados em mostrar avanços nos laços militares, suspensos por Pequim em 2010 em represália à decisão dos Estados Unidos de vender bilhões de dólares em armas para Taiwan.
No avião, Gates disse que o aparente avanço da China no desenvolvimento de seu primeiro jato militar, em ritmo melhor que o esperado, e a potencial ameaça aos Estados Unidos representada por seus mísseis antinavio, aumentam a importância de construir um diálogo com o exército chinês.
"Eles claramente têm o potencial de colocar algumas de nossas capacidades militares em risco. E nós temos que prestar atenção a eles, temos que reagir apropriadamente com nossos próprios programas", afirmou.
"Minha esperança é que, através deste diálogo estratégico ao qual me refiro, talvez haja menos necessidade de manter estas capacidades militares".
O secretário americano, convidado pelo presidente Barack Obama a permanecer no cargo após o fim do governo Bush, disse que o momento escolhido para esta viagem não foi uma coincidência.
"Está claro que os chineses queriam que eu viesse antes que o presidente Hu visitasse Washington", estimou.
"Pessoalmente, acho que uma relação positiva, construtiva e abrangente entre os Estados Unidos e a China não é apenas do interesse mútuo dos dois países, é do interesse de todos na região e do mundo todo, eu diria", destacou Gates.
Dias antes da simbólica ida de Robert Gates a Pequim, fotografias revelaram o protótipo do J-20, primeiro caça militar chinês, em uma base aérea no sudeste do país.
"Sabíamos que eles estavam trabalhando em um jato de combate", disse Gates, indagado sobre o J-20.
"O que vimos é que eles talvez estejam mais adiantados no desenvolvimento desta aeronave do que nossa inteligência calculou".
No entanto, "ainda há dúvidas sobre a combatividade" destes jatos, ponderou.
Gates também revelou que se preocupa com o desenvolvimento de "mísseis balísticos antinavios (pelos chineses), desde que eu assumi este cargo, quatro anos atrás".
Da mesma forma, acrescentou que não sabe se os testes com os mísseis antinavios chineses estão em fase avançada ou se seu lançador já pode ser considerado operacional.
Robert Gates afirmou que precisa convencer os chineses a adotarem um diálogo permanente no campo militar, e admitiu que os líderes com quem se reunirá durante a visita provavelmente abordarão o tema das armas vendidas a Taiwan.
O chefe do Pentágono deve se encontrar com Hu Jintao e com o general Liang Guanglie, ministro da Defesa chinês. Além disso, visitará o quartel-general do Segundo Corpo de Artilharia, centro do comando nuclear do país, situado fora de Pequim.
As discussões também devem incluir a situação na península coreana, que passou por um pico de tensão nos dois últimos meses de 2010.
"Reconhecemos que a China teve um papel construtivo na redução das tensões na península no final do ano", disse Gates.
"Falando em termos gerais, acho que um de nossos objetivos é ver se conseguimos acabar com essas provocações periódicas dos norte-coreanos e trazer mais estabilidade à península", estimou. "Temos um interesse mútuo nisto".
Depois da China, Robert Gates segue para Tóquio, na quarta-feira, e para Seul, na sexta.