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Distúrbios no Magreb: vários mortos na Tunísia; a calma retorna à Argélia

Agência France-Presse
postado em 09/01/2011 17:00
Túnis - A inédita revolta popular na Tunísia contra o alto custo de vida deixou neste fim de semana dezenas de mortos, segundo a oposição, e oito, de acordo com o governo, enquanto a calma voltava neste domingo à vizinha Argélia, após as medidas do governo para conter os preços e os tumultos, que deixaram cinco mortos. Na Tunísia, os confrontos prosseguiam neste domingo, segundo diversas fontes. De acordo com o ministério tunisiano do Interior, oito pessoas morreram e nove ficaram feridas em confrontos no fim de semana nas cidades de Thala e Kaserín, no centro-oeste na Tunísia. Em um comunicado anterior, o ministério falava de dois mortos e oito feridos, e apenas na região de Thala. No entanto, outras fontes indicaram que este balanço pode ser muito maior devido ao "grande número de feridos graves". Sindicalistas que pediram o anonimato afirmaram neste domingo à AFP que o número de mortos pode chegar a 35 entre Thala e Kaserín, assim como em Regueb, na região de Sidi Buzid, no centro do país. Um líder da oposição, Ahmed Nejib Chebbi, anunciou, por sua vez, que pelo menos 20 pessoas morreram baleadas, e pediu ao presidente Zine El Abidine Ben Ali, no poder desde 1987, que ordene "um cessar-fogo imediato". "Segundo informações que nos chegam de Kaserín e Thala, pelo menos 20 pessoas morreram por disparos de armas de fogo desde sábado", disse à AFP Ahmed Nejib Chebbi, líder histórico do Partido Democrático Progressista (PDP, oposição legal.) A revolta popular foi iniciada nesta região de Sidi Buzid após o suicídio, no dia 17 de dezembro, de um vendedor ambulante sem licença, que se sacrificou para protestar contra a apreensão de sua mercadoria de frutas e verduras. Este homem, Mohamed Buazizi, de 26 anos, de quem sua família dependia financeiramente, tornou-se o símbolo de uma revolta sem precedentes na Tunísia contra a precariedade social e o desemprego. Esta revolta estendeu-se a outras regiões, com greves, manifestações e inclusive suicídios. Por sua vez, o governo tunisiano informou que "muitos agentes de segurança foram feridos", dois dos quais estão em "estado crítico", e admitiu que eles utilizaram suas armas em uma ação de "legítima defesa", quando vários indivíduos tentaram forçar a entrada da sede da Delegação de Thala (subprefeitura) com coquetéis molotov, pedras e paus. Estes focos de violência "refletem o cansaço dos jovens, que saíram durante a noite para se vingar das forças de repressão e gritar a sua raiva contra um regime que despreza as suas aspirações", disse Menzli Chaabani, um opositor de Kaserín. Na vizinha Argélia, também no Magreb (norte da África), seus moradores tentavam neste domingo voltar à normalidade após vários dias de distúrbios contra o alto custo de vida, que deixaram cinco mortos e 800 feridos - entre eles 763 policiais - segundo o último balanço oficial. O governo argelino anunciou no sábado à noite uma série de medidas para baixar os preços do açúcar e do óleo, cujo aumento desencadeou os tumultos. Neste domingo, a tranquilidade parecia voltar às cidades e regiões onde ocorreram os protestos, segundo testemunhas. Na capital, Argel, os comerciantes começavam, pouco a pouco, a reabrir suas lojas, e o tráfego de trens, suspenso desde quinta-feira, era retomado na capital e no resto do país, anunciou a Companhia Nacional de Transportes Ferroviários.

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