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Líder do ultraconservador Tea Party, reage ao ataque à deputada nos EUA

postado em 11/01/2011 08:46
Parlamentares e funcionários do Congresso norte-americano se reúnem, em tributo à deputada democrata Gabrielle Giffords, baleada no último sábado: consternação em WashingtonDois dias após o tiroteio que matou seis pessoas no Arizona e tinha como alvo a deputada governista Gabrielle Giffords, a principal voz do Tea Party, Sarah Palin, se viu obrigada a dar declarações para esclarecer que ;odeia; qualquer tipo de violência. A ex-governadora do Alasca e ex-vice da chapa de John McCain se viu no centro das discussões sobre a possível influência do acirramento da retórica política na motivação do atirador Jared Loughner. Em uma inspeção na casa do jovem de 22 anos, a polícia encontrou cartas com o nome de Giffords e uma outra em que o atirador falava que iria ;matar essa mulher irritante;.

Loughner, que foi preso logo após o massacre, se manteve o tempo inteiro em silêncio e foi levado a um tribunal em Phoenix na tarde de ontem. Com as mãos algemadas, a cabeça raspada e um ferimento na testa, ele respondeu a perguntas do juiz Michael Anderson de forma sucinta, aproximando-se do microfone para dizer que compreendia as cinco acusações feitas contra ele. Loughner confirmou ser dele a assinatura em um documento encontrado pelos investigadores após o tiroteio. ;Sim, esta é a minha assinatura;, disse.

Segundo a polícia, Loughner provavelmente agiu sozinho, e vinha observando a deputada há anos. Na casa do jovem, foi encontrada uma carta do gabinete da congressista agradecendo sua presença em uma de suas reuniões públicas em 2007. O FBI (polícia federal americana) achou ainda um envelope, em um cofre, no qual Loughner escreveu as frases ;Eu planejo com antecedência; e ;Meu assassinato;. ;Não há nenhuma dúvida de que este foi um ato de um único indivíduo muito perturbado;, disse o xerife do condado de Pima, Clarence Dupnik, à rede de TV Fox News. Ele, contudo, afirmou que, nos interrogatórios, o atirador ;não disse uma palavra;. ;É o típico indivíduo problemático e solitário;, descreveu o xerife.

O evento isolado acendeu o debate sobre o impacto do discurso radical conservador ; em especial, declarações já dadas por líderes como Palin. A ex-governadora, que só tinha até então postado uma frase de condolências em seu perfil no site de relacionamentos Facebook, procurou o canal Fox News para dar declarações em tom de explicação. ;Eu odeio violência, odeio guerra. Nossas crianças não terão paz se políticos apenas capitalizarem sobre isso para ter sucesso, ao tachar que alguém incita o terror e a violência;, disse Palin em carta divulgada pela TV.

O presidente Barack Obama e o governo, entretanto, não teceram qualquer comentário que relacionasse o atentado à retórica ultraconservadora. Obama convocou um minuto de silêncio em todo o país às 11h (14h em Brasília), em memória às vítimas, e disse apenas que as reações imediatas ao tiroteio ;evidenciam o melhor do país;.

Para o cientista político norte-americano William Allen, da Universidade Estadual de Michigan, essa é a melhor postura a ser tomada pelo mandatário. ;Seria um grande erro para os democratas tentar explorar este evento de forma demagógica, e eu acredito que eles reconheceram isso, começando pelo presidente Obama;, disse Allen ao Correio.

Otimismo moderado
A equipe do Centro Médico da Universidade do Arizona disse que está cada dia ;um pouco mais otimista; com a recuperação da deputada Giffords, cujo estado, no entanto, ainda é considerado grave. A congressista de 40 anos foi atingida atrás da cabeça com um tiro, e a bala atravessou seu cérebro. O projétil de 9mm não atingiu a parte central do órgão ; ele passou pelo hemisfério esquerdo, que controla toda a parte motora do lado direito e a fala. ;Não temos mudanças: ela continua seguindo ordens básicas. Nesta fase, se não há mudanças, é bom;, disse o neurocirurgião Michael Lemole. Segundo ele, a deputada tem conseguido responder a estímulos, como apertar objetos quando solicitada.

Em Brasília, o senador republicano John McCain, que também é do Arizona, disse estar rezando pela recuperação da deputada e dos outros 13 feridos no atentado. Para ele, contudo, essa não é uma questão política. ;É uma questão de assegurar que esse tipo de padrão de comportamento, que foi visto nesse indivíduo, seja reconhecido mais cedo. Mas nós não sabemos muitos detalhes.;

Preocupação e medo no Capitólio

A facilidade com que o atirador do Arizona conseguiu se aproximar, armado, da deputada Gabrielle Giffords, acendeu o alerta entre os responsáveis pela segurança dos parlamentares. Amanhã, as agências que fazem a segurança no Capitólio e o FBI (polícia federal americana) terão uma reunião para aumentar o esquema de proteção. A pedido de Obama, o diretor do FBI, Robert S. Mueller, foi a Tucson para acompanhar a investigação do massacre. Os juízes federais do Arizona já tiveram um aumento na segurança. O magistrado John Roll, de 63 anos, foi uma das seis vítimas que morreram no atentado.

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