Igor Silveira
postado em 11/01/2011 08:50
A segurança das fronteiras brasileiras, a oferta dos caças norte-americanos F-18 e até a posição da presidente Dilma Rousseff em relação ao Irã foram os assuntos que trouxeram o senador republicano John McCain a Brasília. Em uma reunião de quase 50 minutos no Planalto com a chefe de Estado, o adversário de Barack Obama na disputa à Casa Branca em 2008 garantiu que se encarregará, diante do Congresso americano e até da Casa Branca, para que haja uma ;completa transferência de tecnologia;, caso Dilma opte pelo caça produzido pela Boeing. O senador e ex-presidenciável se disse ainda ;feliz; de ver, na entrevista concedida pela nova presidente ao jornal The Washington Post, que ela discordou da posição brasileira de se abster em condenar, nas Nações Unidas, as violações de direitos humanos no Irã.;Sentimos que os EUA e a maior parte dos outros países acham que o Irã tem um regime opressor e que matar uma mulher por apedrejamento é uma atrocidade. Fiquei feliz em ver que a presidente não concorda com o que ocorre lá;, disse McCain, que deixou o Brasil logo após a reunião com Dilma e com o vice-presidente, Michel Temer, rumo ao Chile. Em relação aos caças, o republicano disse à presidente que ;já foi provado; que a tecnologia americana é melhor do que as outras. McCain afirmou compreender a preocupação brasileira com a transferência de tecnologia. ;Vou voltar aos EUA e tenho a intenção de fazer com que o Congresso e o presidente deem garantias de que haja uma completa transferência de tecnologia, caso o Brasil opte pelo F-18;, disse.
Antes de encontrar a presidente, McCain se reuniu com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, com quem, além dos caças, falou sobre a segurança das fronteiras. ;O Brasil tem uma grande fronteira, mas eles estão planejando usar mais tecnologia para controlá-la. Todos nós sabemos que o tráfico de drogas é um grande problema, não só no Brasil, mas também nos EUA;, afirmou o senador. McCain, que viaja acompanhado do também senador republicano John Barrasso, veio a Brasília depois de passar pelo Rio de Janeiro, e visitar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro Dona Marta.
O congressista admitiu que os Estados Unidos mantiveram pouco foco nas Américas, devido às preocupações com as guerras no Iraque e no Afeganistão. ;Mas eu acredito que, agora, nós vamos prestar mais atenção aos nossos assuntos do continente, inclusive a violência das drogas no México e nossas relações com a Venezuela. Mas o importante é que reconhecemos a liderança que o Brasil exerce nesse continente e no mundo.;