Agência France-Presse
postado em 11/01/2011 11:41
Túnis - Subiu para 50 o número de mortos em distúrbios sociais no centro da Tunísia em três dias, relatou nesta terça-feira um dirigente sindical, informando sobre uma situação de "caos" em Kaserin, principal cidade da região."O caos reina em Kaserin (290 km ao sul da capital) depois de uma noite de violência, de disparos de franco-atiradores, saques e roubos de lojas e residências", afirmou Sadok Mahmoudi, membro da União Geral de Trabalhadores Tunisianos (UGTT).
A versão foi confirmada por outras testemunhas ouvidas pela AFP. Assim, tudo indica que o pronunciamento pela televisão na segunda-feira, do presidente Zine El Abidine Ben Ali - durante o qual prometeu criar 300.000 empregos e denunciou "atos terroristas imperdoáveis", ao referir-se a manifestações - não conseguiu desativar os mais graves protestos em 23 anos.
"O número de mortos supera os 50", afirmou o sindicalista, citando fontes do hospital regional de Kaserin. Um funcionário local que pediu para não ter o nome divulgado, informou sobre tiros efetuados por franco-atiradores posicionados nos telhados, que se somam aos disparos das forças de segurança até contra cortejos fúnebres en Kaserin.
Os médicos do hospital de Kaserin detiveram seu trabalho durante uma hora em protesto, acrescentou o funcionário, que descreveu cenas de "corpos estripados e de cérebros arrebentados". Em Paris, a presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), a tunisiana Souhayr Belhassen, disse que o número de mortos nas manifestações na Tunísia chega a pelo menos 35, em seguida as violências do final de semana nas cidades do centro oeste do país, informou nesta terça-feira à AFP.
Para a Anistia Internacional, pelo menos 23 pessoas morreram no final de semana pelas mãos das forças de segurança, que abriram fogo "numa inaudita espiral de violência contra pessoas que vieram protestar contra suas condições de vida, o desemprego e a corrupção".
O movimento começou no dia 17 de dezembro, depois que um jovem comerciante se imolasse com fogo em Sidi Bouzid (centro-oeste, a 265 km ao sul de Túnis). Ele protestava contra o embargo de sua mercadoria pela polícia. As escolas e as universidades foram fechadas a partir desta terça-feira até nova ordem, em todo o país.