Cidade do Vaticano - O Papa Bento XVI instou nesta quarta-feira o Haiti a trabalhar para a "reconstrução e convivência civil, social e religiosa" do país, em uma mensagem enviada para lembrar o primeiro aniversário do devastador terremoto que deixou 220 mil mortos. "Chegou a hora da reconstrução, mas não apenas das estruturas materiais, mas também da convivência civil, social e religiosa", escreveu o Papa em uma mensagem que será lida durante uma missa a ser realizada em Porto Príncipe pelo enviado especial do Vaticano, o cardeal Robert Sarah, presidente do conselho pontifício Cor Unum, entidade que coordena as obras de caridade do Papa.
Com sua mensagem, o Papa deseja "oferecer palavras de esperança em meio a circunstâncias tão difíceis", reconheceu, no texto divulgado pela assessoria de imprensa da Santa Sé. "Desejo que o povo haitiano seja o protagonista de sua história, tanto da atual como da futura, e que conte com a ajuda internacional, que deu sinais de grande generosidade através da ajuda econômica e com a presença de voluntários vindos de todos os países", acrescentou em sua mensagem, escrita em francês.
O Papa assegurou que reza pelas vítimas, "especialmente pelos mortos", colocou o Haiti sob a proteção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira do país, ao mesmo tempo em que abençoou todos os haitianos. Por ocasião do aniversário do terremoto, o Papa nomeou o novo arcebispo de
Porto Príncipe, monsenhor Guire Poulard, de 69 anos, bispo de Les Cayes. Ele substitui o arcebispo Joseph Serge Miot, falecido durante o terremoto, que destruiu a catedral nacional, o seminário e devastou um total de 38 igrejas.
O Papa também nomeou Glandas Marie Erick Toussaint, de 46 anos, bispo auxiliar de Porto Príncipe. Em várias ocasiões, Bento XVI expressou sua solidariedade e tristeza pela tragédia do Haiti e enviou ajuda financeira para as vítimas. Na segunda-feira, através do "Cor Unum", enviou 1,2 milhão de dólares para a reconstrução de escolas e igrejas da ilha caribenha. Doze meses após a catástrofe, o país mais pobre da América segue sem recuperar-se. Os cerca de 800 mil refugiados confirmam isso.
O país está submerso em uma crise econômica e as infraestruturas estão destruídas. Soma-se a isso uma epidemia de cólera iniciada na metade de outubro que, segundo os últimos dados do ministério de Saúde Pública, causou a morte de 3.759 pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença ainda não atingiu seu auge. As homenagens solenes ocorrem em meio à crise política pela impugnação dos resultados do primeiro turno das eleições presidenciais, realizadas no dia 28 de novembro no Haiti.