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Criação do Facebook volta a ser disputada na Justiça

Agência France-Presse
postado em 12/01/2011 17:56

San Francisco - A criação do Facebook voltará a ser discutida na Justiça americana: os ex-universitários que consideram que o fundador da rede social, Mark Zuckerberg, roubou sua ideia, pediram a anulação do acordo firmado de 65 milhões de dólares por considerá-lo insuficiente. Os gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss, campeões de remo, e o amigo Divy Narendra eram - assim como Zuckerberg - estudantes da universidade de Harvard quando o Facebook foi criado, em 2004.

Como conta o filme "A Rede Social" (David Fincher, 2010), o trio pediu a Zuckerberg, no fim de 2003, que os ajudasse a criar uma rede social para os estudantes da universidade. Os irmãos afirmam que Zuckerberg roubou deles a ideia na ocasião e deliberadamente atrasou o projeto, enquanto trabalhava em seu próprio site, o Facebook, que hoje é um gigante da internet com mais de 500 milhões de membros e um volume de negócios anual estimado em 2 bilhões de dólares.

Os demandantes, que na ocasião fundaram seu próprio site, o ConnectU, foram indenizados com 20 milhões de dólares em dinheiro e 45 milhões de dólares em ações com base no preço de 36 dólares por ação, em um acordo confidencial alcançado em 2008. Mas na terça-feira os três tentaram convencer uma corte de apelações de que aquele acordo foi insuficiente porque o valor das ações do site foi superestimado na ocasião. Se as ações tivessem sido avaliadas a um custo menor, eles teriam recebido mais títulos.

Em suma, eles acreditam que deveriam ter ganho mais dinheiro ou participação na rede social. No entanto, os três juízes reunidos na terça-feira em uma corte de apelações de San Francisco (Califórnia, oeste dos EUA) para ouvir os argumentos dos demandantes pareciam céticos e destacaram que os irmãos Winklevoss estavam muito bem assessorados por especialistas quando aceitaram o acordo.

"Quando se é aconselhado por tanta gente, não é difícil dizer que foi enganado?", questionou o juiz John Wallace. "Ninguém foi enganado aqui", disse o advogado do Facebook, Joshua Rosenkranz. "Os fundadores da ConnectU fecharam um acordo que os deixou muito ricos e que os torna a cada dia mais ricos. Ninguém os forçou a assinar", acrescentou.

Segundo o advogado dos irmãos Winklevoss, Jerome Falk, o Facebook estimava que suas ações valiam 9 dólares no momento de conceder títulos aos funcionários. Depois, o site de relacionamentos teve um crescimento exponencial. Nas últimas semanas, o banco de investimentos Goldman Sachs e a empresa russa mail.ru avaliaram o site em 50 bilhões de dólares.

Isto significa que a indenização dos rivais de Zuckerberg mais que dobrou de valor.

Se os juízes recusarem a apelação, os irmãos Winklevoss perderão o dinheiro e os papéis, que estão depositados como garantia, mas ficarão livres para retomar o processo original, explicou Falk, o advogado demandante. Os juízes, que deverão tomar uma decisão em três meses, "mostraram um alto grau de ceticismo", admitiu Falk ao fim da audiência.

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