Agência France-Presse
postado em 12/01/2011 18:40
Um ano após o terremoto que devastou o Haiti, a organização não governamental (ONG) Viva Rio promete intensificar as ações que visam a reconstrução daquele país, onde ela atua desde 2004. Um dos programas que serão incentivados é o Articulação Intercomunitária, cuja meta é reduzir o índice de criminalidade, disse hoje (12) o coordenador da Área de Segurança Humana do Viva Rio no Brasil e no Haiti, o coronel Ubiratan Ângelo.Serão incrementados também os programas de atenção à saúde e de produção de biodigestores para geração de energia, além do programa de artes, que prevê a valorização da música local, artes plásticas, dança, capoeira e confecções. Ângelo informou que em menos de dois anos a ONG contabilizou 500 alunos de capoeira. Na área esportiva, o Viva Rio construiu um centro de treinamento para futebol de alto nível.
Hoje, o Viva Rio promoveu em sua sede, no Rio, uma cerimônia para lembrar o terremoto ocorrido há um ano no Haiti. Uma exposição composta de quadros pintados por artistas haitianos e fotografias, intitulada O Haiti Não Morreu, exibe cenas da vida local antes e depois do terremoto.
Desde o início de suas atividades no Haiti, a atuação do Viva Rio se concentra no bairro de Bel Air, na capital Porto Príncipe. O local é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como área crítica.
Antes do terremoto, a ação do Viva Rio visava a levar ajuda humanitário para que as pessoas pudessem ter sua própria renda, informou o coronel Ângelo. ;Uma questão complicada no Haiti é a geração de trabalho e renda;. Segundo ele, os haitianos abordam as pessoas nas ruas mendigando não dinheiro, mas trabalho.
Até o terremoto, as ações empreendidas pela ONG brasileira vinham tendo resultados positivos. Os trabalhos envolviam coleta, captação, tratamento de lixo, distribuição de água, limpeza de canais e outras ações sanitárias e de higiene, além de trabalhos com saúde da mulher e da criança.
O Viva Rio atende a 15 comunidades do bairro Bel Air. O coronel Ubiratan Ângelo disse que o terremoto alterou a rotina da ONG, que viu sua sede, de 25 mil metros quadrados, onde eram desenvolvidos os projetos, virar um imenso acampamento para os desabrigados.
Ele ressaltou o trabalho de socorro inicial desempenhado pela Brigada de Proteção Comunitária, formada por jovens das 15 comunidades. Eles são treinados pelos militares brasileiros e de outros países para ações de emergência para grandes catástrofes. Isso se explica por ser o Haiti um país onde ocorrências como terremotos e furacões são previsíveis.
O atendimento do Viva Rio e seus parceiros se intensificou com o surgimento do cólera. A ONG auxiliou e ampliou o sistema de saúde de algumas clínicas que não foram destruídas pelo terremoto, disse Ubiratan Ângelo. A Brigada de Proteção Comunitária ampliou também seu efetivo de 35 para 70 componentes.
Durante a tragédia, quando efetuava distribuição de alimentos e recolhimento de lixo e escombros, o Viva Rio chegou a ter 1.400 funcionários, todos haitianos. Hoje, a ONG conta 974 funcionários, dos quais apenas 20 não são haitianos.
De acordo com Ubiratan Ângela, o Viva Rio distribui hoje 200 mil litros de água filtrada por dia às comunidades de Bel Air para ajudar no combate à cólera.