postado em 13/01/2011 08:00
Com um tom seguro e mais equilibrado do que de costume, a republicana Sarah Palin, uma das líderes do Tea Party, dirigiu-se à população americana em um vídeo, no qual classifica de ;irresponsáveis; as acusações de incitar o ódio contra o governo Obama, o que teria levado ao massacre do último sábado, no Arizona. Num discurso de quase oito minutos, Palin ataca a imprensa e coloca o atirador Jared Loughner, 22 anos, como o único responsável por seus atos, lamenta as mortes e elogia a deputada democrata Gabrielle Giffords, principal alvo do assassino e que foi atingida por disparo na cabeça, enquanto realizava um ato público num estacionamento em Tucson. Palin não foi a única a se manifestar no quarto dia após a tragédia, que deixou seis mortos. O presidente Barack Obama, acompanhado da primeira-dama, Michelle, viajou a Tucson para fazer um discurso focado na ;tolerância;. Na Câmara dos Deputados, foi o líder republicano e presidente da casa, John Boehner, que chorou ao falar sobre a ;hora difícil; pela qual o país está passando.
Segundo Sarah Palin, os ;crimes monstruosos começam e
terminam com os criminosos que os cometem, e não de maneira coletiva com todos os cidadãos de um estado;. ;É hora de restabelecer preceitos americanos segundo os quais cada indivíduo é responsável por seus atos;, disse a republicana, que, para muitos, já tem sua candidatura à Casa Branca em 2012 comprometida, por conta da associação com o massacre gerada pelas críticas.
Alvos
No vídeo, ela devolve à imprensa americana as acusações de promover o ódio e a violência que a mídia tanto condena, e disse que, apenas em um mundo ideal, todas as discussões políticas seriam em ;termos corteses; e todas as diferenças seriam ;cordiais;. Palin foi criticada especialmente por ter usado, durante a campanha às eleições legislativas, um mapa no qual os ;alvos; democratas a serem vencidos por membros do Tea Party estavam assinalados com o símbolo de uma arma.
Na Câmara, onde agora a maioria é republicana, o dia foi de homenagens às vítimas do massacre, em especial a Gabrielle Giffords, que ainda se encontra em estado grave em um hospital de Tucson. Boehner destacou a necessidade de trabalhar acima dos partidarismos. ;Essa é uma hora difícil para nosso país. Nossos corações estão despedaçados, mas o nosso espírito não;, disse.
Horas depois, uma multidão já começava a se formar em frente ao estádio McKale Memorial Center, onde Obama discursaria às 18h (23h em Brasília), com o objetivo claro de tentar diminuir as tensões políticas geradas após o incidente. A expectativa é que os 14 mil lugares do estádio fossem todos ocupados.
Para a maioria dos americanos, entretanto, não há razão para os republicanos temerem tanto o impacto político de Tucson. Segundo uma pesquisa USA Today/Gallup, 53% da população acredita que a associação entre a retórica inflamada dos conservadores e o massacre é uma tentativa de usar a tragédia como uma forma de destruir a imagem da oposição.
Bola fora
Na mensagem sobre o massacre no Arizona, Sarah Palin usou um termo extremamente ofensivo para os judeus. Segundo a republicana, jornalistas fabricaram um ;libelo de sangue;, que serviria apenas para ;incitar o ódio e a violência que pretendem condenar;. O termo remete às acusações falsas feitas durante a Idade Média, especialmente contra judeus, de que estes cometeriam atos de sacrifício com cristãos e usariam seu sangue em rituais. Por conta de falsos libelos de sangue, vários judeus foram perseguidos e mortos.