Túnis - O presidente da Tunísia, Zine El Abdine Ben Ali disse nesta quinta-feira ter pedido o fim dos tiros disparados contra manifestantes, prometendo, em discurso à nação, liberdade "total" de informação no país e no acesso à internet. Também anunciou não ter a intenção de brigar por um novo mandato.
Confessou, de maneira inesperada, que havia sido "enganado" na análise da crise social que agita a Tunísia há cerca de um mês, afirmando que a investigação ordenada de agora em diante será independente e estabelecerá "responsabilidades". Zine El Abdine Ben Ali, no poder desde 1987, reeleito em 2009 para um mandato de cinco anos, havia sido solicitado por seu partido a se apresentar novamente em 2014.
Antes do pronunciamento, a presidente da Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos (FIDH), Souhayr Belhassen, informou à AFP que possui uma lista e 58 pessoas, com nome e sobrenome, que morreram desde o início dos distúrbios em Túnis, e aos quais se somam os oito mortos na noite de quarta. "É uma matança que continua. A prioridade hoje é deter essa matança", afirmou.
Entre os mortos da noite de quarta, está uma cidadã suíça de origem tunisiana, segundo informou nesta quinta-feira o ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE). Já a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navy Pillay, pediu na quarta-feira ao governo da Tunísia a realização de investigações "independentes" sobre o "uso excessivo" da força por parte de seus serviços de segurança.
"Informações sugerem que a maioria das manifestações foram pacíficas e que as forças de segurança reagiram com força excessiva contrária aos padrões internacionais", explicou Pillay em comunicado. "É imperativo que o governo faça uma investigação transparente, crível e independente sobre a violência e as mortes", acrescentou.
Tumultos de origem social sacodem a Tunísia há quatro semanas, deixando 21 mortos, segundo as autoridades, e mais de 50, segundo fonte sindical.