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João Paulo II será beatificado em maio por cura milagrosa

Agência France-Presse
postado em 14/01/2011 11:42
Cidade do Vaticano - O pontífice João Paulo II, falecido em 2005, será beatificado em 1; de maio, informou o Vaticano nesta sexta-feira (14/1), depois que o papa Bento XVI assinou o decreto que tornou válido um milagre atribuído ao carismático antecessor.

A beatificação do Papa polonês, passo anterior à canonização, será realizada em tempo recorde, inferior aos cinco anos normalmente necessários para iniciar o processo.

A rapidez se explica pela "imponente reputação de santidade da qual gozou o papa João Paulo II durante sua vida, em sua morte e depois de sua morte", explicou o Vaticano em um comunicado. João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005.

A comissão de cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos Santos aprovou esta semana um milagre atribuído à intercessão de João Paulo II, passo chave antes de elevá-lo à glória dos altares.

Tata-se da cura "imediata e inexplicável", em junho de 2005, da freira francesa Marie Simon-Pierre, que sofria de mal de Parkinson, doença que também afetou o então chefe da Igreja católica, informou a comissão.

A freira, de 50 anos, enfermeira de profisssão, segundo o postulador, se curou após orações e pedidos a João Paulo II, poucos meses depois da morte do Pontífice. A canonização exigirá a ratificação de outro milagre.

João Paulo II esteve à frente da Igreja Católica por 27 anos. Durante o funeral, os fiéis clamaram "Santo subito" (Santo já).

Os preparativos na basílica de São Pedro, no Vaticano, já tinham começado na quinta-feira para uma possível beatificação.

Por tradição, os restos mortais dos pontífices que foram beatificados costumam ser transferidos da cripta, no sótão da Basílica onde estão enterrados, para o andar principal.

O ex-presidente polonês Lech Walesa, católico fervoroso e fundador do sindicato "Solidarnosc" (Solidariedade), que lutou contra o regime comunista nos anos 1980, afirmou sentir-se "duplamente feliz" com a notícia da beatificação de João Paulo II.

"Sinto-me duplamente feliz. Em primeiro lugar porque um homem que em vida era um santo se tornará, oficialmente, um santo. Em segundo lugar porque teremos, por fim, um santo da nossa época, alguém a quem conhecemos bem", declarou à AFP.

A atuação de João Paulo II na Polônia e a influência tiveram um peso determinante na queda dos regimes comunistas da Europa Oriental, segundo vários historiadores.

João Paulo II sofreu um atentado em 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, que o deixou gravemente ferido. Três balas disparadas pelo turco Ali Agca o feriram no abdôme e na mão.

O pontificado entrou para a história pelas viagens apostólicas ao redor do mundo - inclusive para 26 países da América Latina - e por ter renovado a Igreja Católica após a crise provocada pelas reformas iniciadas com o Concílio Vaticano II, consideradas muito radicais por alguns.

João Paulo II se pronunciou nesta época pela paz e pelo entendimento internacional, a defesa dos direitos humanos, a promoção de uma grande Europa do Atlântico aos Montes Urais e a solidariedade entre o Norte e o Sul.

Também propiciou a reconciliação com os judeus, a proteção da vida humana desde o nascimento e a reafirmação dos princípios tradicionais da Igreja Católica no campo da moral sexual.

Para certos setores da opinião pública, a principal sombra da obra diz respeito ao repúdio aos métodos anticoncepcionais e o uso do preservativo em um mundo onde a Aids matava milhões de pessoas. Estas posturas criaram incompreensão entre os próprios fiéis católicos.

Atualmente, há os que criticam a falta de determinação e transparência para tratar as denúncias de casos de pedofilia envolvendo religiosos.

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