Agência France-Presse
postado em 15/01/2011 16:06
Juba - Os sudaneses do sul votaram em massa no referendo sobre sua autodeterminação, concluído na noite deste sábado, hora local, aguardando, agora, o resultado oficial de um pleito preparado há meio século, e com uma certeza em mente: eles terão um país independente.O Sudão do Sul poderá transformar-se em país a partir de 9 de julho, data do final do período interino fixado pelo acordo de paz Norte-Sul.
As seções eleitorais de Juba, capital da região semiautônoma do Sudão do Sul, fecharam como o previsto às 18H00 (13H00 de Brasília). A comissão do referendo anunciou simultaneamente o fechamento das outras urnas.
"A contagem de votos começa também agora à noite", declarou à AFP Joseph Kharin, responsável pela comissão em Juba.
Uma hora antes, o bispo da Igreja episcopal de Juba, Paul Yugusuk, tocou a "última trombeta", uma espécie de vuvuzela laranja, recoberta com uma bandeira do sul do Sudão.
"É um sinal para mostrar que não foi apenas o fim da votação, mas o fim do escravagismo, da opressão e o início de nossa liberdade", declarou.
Segundo a comissão, mais de 80% dos quatro milhões de eleitores registrados participaram do referendo.
"É um excelente resultado, no entender de todas as normas internacionais. Vi várias eleições no país e posso dizer que esta foi a mais pacífica, a mais ordenada e a mais tranquila", felicitou-se Mohammed Ibrahim Khalil, presidente da comissão de referendo.
"Observamos um processo muito ordenado tanto no Norte como no Sul", afirmou o ex-presidente americano Jimmy Carter, que acompanha o pleito.
Na capital sudanesa, Cartum, o ambiente não era de festa neste sábado, com a perspectiva de partilha do mais amplo país da África entre um Norte de 32 milhões de habitantes, muçulmanos e em grande parte árabes, e um Sul de cerca de nove milhões de pessoas que se consideram "africanas".
"Estou triste, não sou a favor a secessão", lamenta Moustafa Mohamed, um jovem funcionário do governo estabelecido em Cartum.