Bruxelas - A extrema-direita conseguiu se impor no cenário político de vários países europeus, com um discurso anti-imigração, anti-Islã e eurocético (descrente da União Europeia), à imagem da França da Frente Nacional (FN) que elegeu neste domingo Marine Le Pen para sua liderança.
França
Presidida desde a fundação, em 1972, por Jean-Marie Le Pen, 82 anos, a Frente Nacional conheceu domingo uma sucessão histórica e dinástica. Marine Le Pen, sua filha de 42 anos, foi oficialmente designada presidente do partido durante congresso em Tours (centro-oeste).
A Frente Nacional (FN), rejeita de forma virulenta a imigração, tem um discurso contra as elites e exige a saída do país da União Europeia. Jean-Marie Le Pen chegou a provocar um abalo político em 2002 ao chegar ao segundo turno da eleição presidencial.
Suíça
Na Suíça, o partido de direita populista União Democrática de Centro (UDC) é a primeira formação da Confederação desde 2003. Foi reforçado após obter o aval da população sobre duas iniciativas populares que fizeram muito barulho: a proibição de construir minaretes no território suíço, em 2009, e a deportação automática de estrangeiros que tenham cometido crime, em novembro de 2010.
Holanda
Geert Wilders, 47 anos, líder do Partido pela Liberdade (PVV), milita contra "a islamização da Holanda". Defende um imposto sobre o uso do véu e deseja a proibição do Alcorão, o qual compara ao "Mein Kampf" de Adolf Hitler. O PVV ficou em terceiro lugar nas legislativas de 9 de junho, com 24 cadeiras de deputados num total de 150. Apoia o governo minoritário de centro-direita do liberal Mark Rutte.
Países Nórdicos
O crescimento das formações de extrema-direita e populistas é geral. Os Democratas da Suécia (SD), dirigidos por Jimmie Aakesson, 31 anos, entraram no Parlemento nas eleições de setembro, com 5,7%. O partido, herdeiro de uma ex-formação neonazista, ataca a imigração recente e denuncia a islamização do país.
Na Dinamarca, o Partido do Povo dinamarquês (PPD) é a terceira força do Parlamento, com 14,6% das vozes. É aliado ao governo liberal-conservador.
Na Finlândia, o partido dos "Verdadeiros Finlandeses" poderá realizar uma espetacular ascensão nas eleições de abril.
Áustria
A nova figura de proa da extrema-direita é Heinz-Christian Strache, 41 anos, do FP;. A formação ficou em segundo lugar, com 27% dos votos nas municipais de Viena em outubro de 2010. Ou seja uma diferença de 12 pontos e um segundo melhor resultado histórico na capital austríaca para o partido, atrás dos 27,9% obtidos em 1996 por seu fundador, J;rg Haider, falecido em 2008.
O partido exalta os valores cristãos, às vezes com slogans hostis ao Islã. Seduz os jovens e, ao contrário de outras formações de extrema-direita, é pró-israelense.
Hungria
O partido Jobbik (Movimento por uma Hungria melhor) conseguiu, nas legislativas de abril, entrar no Parlamento, tornando-se a terceira força política com 16,71% dos votos.
Seu presidente, Gabor Vona, 32 anos, chefia o partido desde 2006. O Jobbik é conhecido por suas campanhas agressivas contra os ciganos, e pelo discurso xenófobo e homofóbico. Difere do movimento da extrema-direita por ser abertamente pró-árabe. Seus militantes usam com frequência lenços palestinos por hostilidade a Israel.