Teera - O Irã abriu no domingo sua instalação de enriquecimento de urânio Natanz (centro) para a visita de embaixadores de vários países, um dia depois que o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, afirmar que o país prossegue enriquecendo urânio. Os representantes de países não-alinhados, do grupo dos 77, da Liga Árabe, da Venezuela e da Síria ante a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) participam nesta visita a convite de Teerã.
"Organizaremos outras visitas a instalações nucleares", assegurou Salehi, citado pela agência Isna.
"Os países ocidentais têm a obrigação de reconhecer o direito da República Islâmica do Irã em termos nucleares", acrescentou. Na véspera, Salehi recebeu representantes da AIEA para visitar suas instalações nucleares de Arak.
"As recentes sanções internacionais não criaram problema algum para nossas atividades nucleares", acrescentou Salehi, cujas declarações foram transmitidas ao vivo pela televisão estatal. "Continuamos com nossas atividades nucleares. Em particular, continuamos energicamente com nossas atividades de enriquecimento de urânio. Nossa produção de urânio enriquecido aumentou", insistiu.
O chefe do programa nuclear iraniano também disse que o Irã "construiu uma nova fábrica em Ispahan de produção de combustível (para os reatores nucleares), que é uma das mais modernas do mundo". "Devemos agradecer que (os ocidentais) não nos tenham dado o combustível enriquecido a 20% (para o reator de pesquisas de Teerã). Entramos nesse campo e o Irã será agora um dos poucos países que produzem barras de combustível", acrescentou.
Estas declarações acontecem a menos de uma semana de um novo encontro entre o Irã e os países do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha) nos dias 21 e 22 de janeiro em Istambul, Turquia. No começo de janeiro, o Irã convidou vários países membros da AIEA a visitar sua principal instalação de enriquecimento de urânio em Natanz e sua usina de água pesada em Arak.
A União Europeia (UE) declinou o convite para esta visita, como a Rússia e a China, apesar de ambos serem aliados de Teerã. Nem os americanos nem os três países europeus do grupo foram convidados, o que levou Washington a classificar a visita de "palhaçada". A usina visitada na véspera, Arak, também compreende um reator de pesquisas 40 megawatts em construção, cuja entrada em funcionamento está prevista para dentro de dois ou três anos, segundo Salehi.
Natanz, por sua vez, é a instalação nuclear mais sensível de todo o país. o Irã dispõe nesse local de mais de 8.400 centrífugas utilizadas para o enriquecimento de urânio, uma operação que centra a preocupação internacional quanto ao problema nuclear iraniano. Enriquecido a menos de 20%, o urânio serve para fabricar combustível para as centrais de energia nuclear.
Mas se continuar sendo enriquecido até 90% ou mais, pode servir para fabricação de armas atômicas. O Irã já produziu mais de 3.200 kg de urânio enriquecido a 5%. Desde fevereiro Teerã começou a enriquecer urânio a 20%, e atualmente disporia de mais de 40 kg, segundo as últimas cifras proporcionadas pelas autoridades iranianas. Os países ocidentais suspeitam que o Irã tenta dotar-se da bomba atômica escondendo-se por trás de um programa nuclear civil, algo que Teerã sempre negou.