Agência France-Presse
postado em 17/01/2011 19:25
Roma - Os juízes de Milão enviaram nesta segunda-feira (17/1) ao Parlamento italiano provas "evidentes" que comprometem o primeiro-ministro Silvio Berlusconi em um caso de prostituição de uma menor conhecida como "Ruby rouba corações", o que complica a situação judicial e política.Nas atas, resumidas em 389 páginas, em parte consultáveis na edição digital dos principais meios de comunicação italianos, o tribunal sustenta que conta com "numerosas provas" de que o chefe de governo violou a lei contra a prostituição infantil e cometeu abuso de poder no caso da jovem marroquina "Ruby", foragida de um centro de acolhimento de menores e contratada para as festas particulares de Berlusconi.
"Um importante número de jovens mulheres se prostituíram com Silvio Berlusconi em suas residências, que paga por tais serviços", escreveram os juízes, que descrevem um mundo sórdido e decadente.
Embora não seja a primeira vez que o magnata das comunicações e líder político protagoniza escândalos de caráter sexual, Berlusconi, de 74 anos, voltou a gerar polêmica pelos excessos e festas particulares.
"Ou está pronta para tudo ou pega um táxi e vai embora", lê-se entre as citações das escutas telefônicas autorizadas pela justiça a uma dezena de mulheres, entre elas uma brasileira e duas dominicanas, segundo a imprensa.
"É alucinante (...) Você não pode imaginar o que acontece ali. Nos jornais fala-se muito menos do que acontece ali, nem quando querem massacrá-lo", segundo outra escuta.
Os juízes solicitaram oficialmente autorização ao Parlamento para inspecionar os gabinetes do leal contador de Berlusconi, Giuseppe Spinelli, administrador há 30 anos dos oito holdings da família e tesoureiro da fortuna e dos segredos do primeiro-ministro.
Spinelli entregava envelopes com cinco mil euros às prostitutas, afirmam os maiores jornais do país, que citam entre as beneficiadas com apartamentos gratuitos as dominicanas Arisleida Espinosa e Maria Ester García Polanco, assim como a brasileira Iris Berardi.
Berlusconi corre o risco de ser condenado a uma pena que vai de seis meses a três anos de prisão por violar o artigo 600 Bis do Código Penal, que paradoxalmente foi introduzido pelo governo para lutar contra a prostituição infantil e que também não permite reduções de pena, explicaram fontes judiciais.