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Chefe da Minustah diz que não há mais possibilidade de ditadura no Haiti

postado em 18/01/2011 09:37
Porto Príncipe - O comandante militar da Força de Paz no Haiti (Minustah), general Luiz Guilherme Paul Cruz, descartou qualquer possibilidade de que o país caribenho volte a ser vítima de um regime político ditatorial, mesmo diante da perspectiva de vazio político, conflito no processo eleitoral e com a recente volta do ex-ditador Jean-Claude Duvalier - Baby Doc - ao país.

Para o general, a presença de forças internacionais no Haiti é suficiente para conter qualquer tentativa de golpe. ;Hoje existe uma força militar no Haiti. Não há possibilidade de nenhum grupo conquistar poder ou ameaçar o Estado em função do uso indiscriminado de violência;, disse o comandante.

;Eu não vejo a possibilidade de que aqui no Haiti se instale qualquer tipo de ditadura. O esforço da comunidade internacional, o mandato que as Nações Unidas nos dá é para que facilite ao governo viver de acordo com as leis haitianas. Qualquer coisa que seja fora das leis haitianas, eu creio que será veementemente condenado pela comunidade internacional;, destacou.

Cruz evitou emitir opinião sobre os possíveis objetivos de Baby Doc com sua volta ao Haiti após 25 anos de exílio na França e justamente nesse período eleitoral. O chefe da Minustah preferiu referir-se ao ex-ditador como ;mais um ator; no já conturbado processo político do país. ;Ele é mais um ator dessa equação. É claro que todos os atores envolvidos estão movimentando suas peças. Cada um dos grupos vai movimentar-se para conseguir os seus objetivos;, comentou.

;Pelo visto, ele [Baby Doc] chegou ao Haiti com um passaporte do país. As autoridades estão avaliando sua presença;, disse o general. Ele confirmou que a Minustah foi informada com antecedência da chegada do ex-ditador.

;A Minustah foi informada por meio do representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Edmond Mollet. Ele foi informado que o Baby Doc viria ao Haiti;, afirmou. ;Ficou aí a nossa participação. Não o escoltamos, não tomamos nenhum tipo de providência em relação à presença de Baby Doc no Haiti;, ressalvou.

Baby Doc chegou à capital, Porto Príncipe, no último domingo (16) e foi recebido por centenas de simpatizantes. Ao chegar, disse que queria ;ajudar na reconstrução do país; após o terremoto do ano passado, que deixou cerca de 300 mil mortos. No entanto, a volta de Baby Doc preocupa, porque ocorre em um momento de tensão política, devido à suspeita de fraude no primeiro turno das eleições presidenciais e indefinições em relação à realização do segundo turno. O mistério sobre seus reais objetivos continua intrigando os haitianos.

Ontem (17), o ex-ditador cancelou uma entrevista coletiva que daria na parte da tarde para falar sobre sua volta ao país.

Em 1971, Baby Doc herdou o poder de seu pai, o também ditador François Duvalier, conhecido como Papa Doc. Ele enfrentou uma insurreição popular em 1986 e partiu para a França com a família.

A Anistia Internacional pediu às autoridades do Haiti que processem judicialmente Baby Doc por crimes contra a humanidade. O atual presidente, René Préval, já disse anteriormente que o ex-ditador seria preso caso voltasse ao país.

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