postado em 21/01/2011 09:01
Após a primeira reunião ministerial, o governo de transição da Tunísia anunciou ontem a decisão de anistiar todos os presos políticos da administração do ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali, que, pressionado por protestos, fugiu do país na semana passada, deixando para trás uma grave crise. De acordo com o ministro de Desenvolvimento Regional, Ahmed Nejib Shebi, um projeto de lei foi enviado ao Parlamento.;O movimento Ennahdha (islamita banido pelo regime de Ben Ali) está incluído na anistia geral;, acrescentou o ministro da Educação Superior, Ahmed Ibrahim. Na última terça-feira, dirigentes do Ennahdha já haviam dito que pediriam sua legalização.
Ontem foi mais um dia de manifestações em Túnis, a capital do país. A polícia teve que fazer disparos para o alto na tentativa de dispersar centenas de manifestantes exigindo que os ministros ligados a Ben Ali deixassem o governo. Segundo uma fonte oficial, os integrantes do governo de transição ligados à Assembleia Constitucional Democrática (RCD), do ex-presidente Ben Ali, decidiram abandonar a agremiação. ;Todos os ministros da RCD do governo renunciaram ao partido;, afirmou a fonte à agência France Presse. O mesmo já havia sido feito na terça-feira pelo presidente interino Fued Mebazaaa e o primeiro-ministro do governo de transição, Mohamed Ghanouchi.
Diante da pressão popular, Zuheir M;dhafer, ministro para o Desenvolvimento Administrativo no gabinete de transição, também ligado a Ben Ali, preferiu deixar o governo. Ele anunciou que a renúncia tem como objetivo ;preservar o interesse supremo da nação e favorecer a transformação democrática do país;.
Em Bruxelas, a União Europeia (UE) decidiu congelar os bens de Ben Ali e de seus familiares e aguarda que o novo governo tunisiano envieuma lista precisa das pessoas que devem ser objeto das sanções. A decisão deverá ser aprovada em definitivo em 31 de janeiro, durante uma reunião dos ministros europeus das Relações Exteriores. Desde a fuga de Ben Ali para a Arábia Saudita, 33 pessoas de sua família foram detidas na Tunísia, sob suspeita de terem envolvimento com irregularidades. Os familiares do ex-presidente, cujos nomes são mantidos em sigilo, serão levados a julgamento. Uma emissora de televisão exibiu imagens de joias, relógios e cartões bancários internacionais confiscados nas casas dos detidos.