Agência France-Presse
postado em 24/01/2011 10:36
BRUXELAS - As Nações Unidas e a União Europeia exibem uma "timidez" excessiva que beira a "covardia" diante de governos que violam os direitos humanos, denunciou nesta segunda-feira a Human Rights Watch (HRW) em seu relatório anual.A organização, com base em Nova York, condena o "fracasso dos países supostamente campeões" destes direitos na hora de influenciar a política de Estados repressivos, escereve seu diretor geral, Kenneth Roth, na introdução do documento sobre 2010.
Na opinião de Roth, a principal falha do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e de "muitos países membros" da Comissão de Direitos Humanos da ONU é submeter o "diálogo e a cooperação" a todo tipo de pressão pública.
Ban "superestima sua capacidade de persuasão através de contatos pessoais com pessoas como o presidente sudanês, Omar al Bashir, o chefe da junta militar birmanesa, Than Shwe, e o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa", afirma o relatório.
A UE, por sua vez, "parece ter aderido" a esta política, como demonstra o fato de que a chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton, "expressa de forma repetida sua preferência por uma ;diplomacia tranquila;, independente das circunstâncias".
Por este motivo, Roth escolheu apresentar seu informe em Bruxelas, nesta segunda-feira.
O diretor-geral da ONG critica sobretudo a política "servil" da UE em relação ao Uzbequistão - cujo presidente, Islam Karimov, era esperado nesta segunda na capital belga para encontrar-se com o presidente da Comisão Europeia, José Manuel Barroso - e ao Turcomenistão.
Na Europa, Alemanha, França e Grã-Bretanha são classificados como complacentes em relação à China e sua política de direitos humanos.
Mas estes não são os únicos a fazerem vista grossa sobre Pequim, destaca a HRW.
"Há uma covardia quase universal diante da deterioração das liberdades civis na China", diz o relatório.
Roth condena ainda "as grandes democracias do Sul, como Brasil, África do Sul e Índia", que também "privilegiaram ações discretas" frente aos governos de conduta repreensível.