Moscou - Um terrorista suicida matou pelo menos 35 pessoas e deixou dezenas de feridos nesta segunda-feira (24/1), quando provocou uma explosão no setor de desembarque do maior aeroporto de Moscou, em um ataque qualificado pelo Kremlim como ato de terror.
Houve cenas de carnificina no aeroporto de Domodedovo, no sul de Moscou. Corpos eram retirados da área de desembarque, envolvida em fumaça, após a explosão, o último ataque mortal a atingir a capital após o atentado no metrô em março.
Descrevendo o ataque como um ato de terror, o presidente russo, Dimitri Medvedev, presidiu uma reunião de emergência com autoridades de transporte e segurança e ordenou um regime especial de segurança no principais aeroportos e estações ferroviárias do país.
Os parceiros ocidentais da Rússia condenaram firmemente o incidente, e o presidente americano, Barack Obama, qualificou o ataque de "ultrajante", enquanto a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou estar consternada com o ato "covarde".
Comunicado
"Hoje às 16h32 (11h32 de Brasília) ocorreu uma explosão na área de desembarque internacional do aeroporto de Domodedovo", informou o comitê de investigação russo em um comunicado.
A porta-voz do aeroporto, Elena Galanova, afirmou que a explosão ocorreu em uma área de livre acesso do aeroporto, no qual passageiros se encontram com parentes após sua passagem pela alfândega.
Pelo menos 35 pessoas morreram, ela afirmou. O número de feridos é ainda incalculável. O ministério da saúde chegou a falar em um comunicado em 130 com, pelo menos 20 em estado grave.
"De repente ouvi um grande barulho, como se algo tivesse caído. Ninguém entendeu o que aconteceu", afirmou à AFP Elena, comissária de bordo da Lufthansa, no aeroporto. "Todos estavam em choque".
Suspeito
Investigadores russos encontraram nesta segunda-feira uma cabeça com "traços árabes" que se presume ter pertencido ao terrorista responsável pela explosão, informou a Interfax.
De acordo com informações preliminares, o suicida era morador da região esmagadoramente muçulmana do norte do Cáucaso, informou a Interfax.
"Ocorreu uma explosão no Domodedovo que, de acordo com informações preliminares, foi um ato de terror", informou Medvedev em um discurso televisionado. "É necessário implementar um regime especial em todos os aeroportos e centros de transporte".
Medvedev afirmou que o incidente mostrou que as normas de segurança russas não estavam sendo seguidas corretamente. "O que aconteceu indica que as leis que precisavam estar funcionando estão longe de ser utilizadas da forma correta", disse.
Alerta
Os serviços de segurança russos receberam alertas de que um ato terrorista seria realizado em um dos aeroportos de Moscou e três suspeitos foram identificados, indicou a agência de notícias RIA Novosti.
O site lifenews.ru afirmou que muitas vítimas tinham fragmentos de metal em seus corpos e que o aparato explosivo estava repleto de parafusos, porcas, pregos e rolamentos.
"Pessoas queimadas estão correndo. estão carregando pedaços de carne em macas", informou uma testemunha à rádio Cidade russa FM.
O primeiro-ministro, Vladimir Putin, foi informado sobre o ocorrido, informou seu porta-voz, Dmitry Peskov, à Interfax.
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A explosão também representou um importante revés para a imagem internacional da Rússia e para a confiabilidade de sua segurança, uma vez que o país se prepara para realizar dois grandes eventos esportivos, as Olimpíadas de Inverno de 2014 e a Copa do Mundo de 2018.
Medvedev adiou sua visita ao Fórum Econômico Mundial de Davos, prevista para esta semana, como resultado da explosão, informou a porta-voz do Kremlin Natalya Timakova.
A polícia de Moscou reforçou nesta segunda-feira a segurança em toda a cidade após a explosão, informou a agência Interfax citando agentes de segurança.
O aeroporto de Domodedovo é o maior da Rússia em termos de número de passageiros e tem voos das principais empresas internacionais, incluindo British Airways, Lufthansa e Swiss.
A capital da Rússia tem sido repetidamente atingida por ataques nos últimos anos, atribuídos a militantes da região do Cáucaso do Norte, onde a Rússia luta, há anos, contra uma insurgência islâmica.