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EUA queriam mandar refugiados palestinos para a América Latina

Agência France-Presse
postado em 25/01/2011 14:57
LONDRES - Os Estados Unidos propuseram enviar refugiados palestinos à América Latina para solucionar a questão dos deslocados durante as negociações de paz no Oriente Médio, revelou esta terça-feira (25/1) o jornal britânico The Guardian, citando atas de uma reunião.

A oferta, que não tem antecedentes, foi realizada em junho de 2008 pela então secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, durante reunião celebrada em Berlim entre negociadores americanos, israelenses e palestinos, segundo os documentos que o The Guardian obteve através da rede de TV do Qatar Al Jazeera.

Rice propôs na ocasião entregar terras aos refugiados em alguns países latino-americanos como alternativa ao retorno a Israel dos muitos palestinos exilados desde 1948.

"Na melhor das hipóteses podemos encontrar países que podem contribuir. China, Argentina, etc (ex. dar terras)", segundo uma frase precedida pelas iniciais "CR" na ata não textual da reunião citada pelo jornal britânico.

Segundo a fonte, a ideia emanou do fato de que o Chile tem uma ampla comunidade palestina, a maior de toda a América Latina, com 300.000 membros e, assim como a Argentina, muitas terras escassamente povoadas.

Além disso, o Chile acabou de acolher, entre abril e maio deste ano, mais de uma centena de palestinos, no âmbito de um programa de reassentamento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

O direito ao retorno às terras ancestrais em Israel dos cinco milhões de refugiados palestinos que segundo se estima vivem disseminados pelo Oriente Médio é um dos principais obstáculos aao processo de paz.

No entanto, segundo divulgou a Al Jazeera na segunda-feira, os palestinos aceitaram desde o começo das negociações de paz em 2009 com o governo israelense de Ehud Olmert o retorno e apenas uma ínfima fração dos refugiados.

A rede do Qatar, que começou no domingo à noite a difusão de documentos que abrangem as negociações de paz desde 1999, deu acesso a 1.600 destes papéis ao The Guardian.

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