Agência France-Presse
postado em 26/01/2011 11:48
WASHINGTON - O presidente americano, Barack Obama, clamou nesta terça-feira (hora local) por um maior impulso à inovação nos Estados Unidos, em um mundo cada vez mais competitivo com potências emergentes como Índia e China, em seu discurso sobre o Estado da União perante o Congresso.Mais do que anunciar políticas específicas, Obama buscou enunciar de maneira franca a direção que os Estados Unidos devem tomar neste novo século, em meio a uma recuperação econômica do país mais lenta que o previsto.
No âmbito regional, Obama anunciou que viajará em março para Brasil, Chile e El Salvador, o que significará sua primeira viagem à América do Sul e Central desde que assumiu o poder, em janeiro de 2009.
"As regras mudaram. Em apenas uma geração, as revoluções em tecnologia transformaram a maneira como vivemos, trabalhamos e fazemos negócios", disse Obama, afirmando que as potências emergentes como Índia e China agora são altamente competitivas.
"Este mundo mudou, e para muitos, esta mudança foi dolorosa".
"Nos Estados Unidos, a inovação não muda apenas nossas vidas. É a maneira como vivemos", disse Obama, que convocou a oposição republicana a apoiar o investimento em educação, inovação e infraestrutura.
O discurso ocorre após a dura derrota eleitoral do mês de novembro, quando os republicanos conquistaram a maioria na Câmara de Representantes.
A oposição, que por enquanto quer falar apenas em como cortar o gasto público, conseguiu horas antes do discurso aprovar uma moção com o apoio de 20 democratas, na qual pede simbolicamente ao governo que gaste o mesmo que em 2008.
Obama deixou claro que entende que a realidade mudou.
"Com seus votos, os americanos determinaram que governar agora será uma responsabilidade compartilhada entre os dois partidos", disse.
"Novas leis serão aprovadas apenas com o apoio de republicanos e democratas", afirmou. E acrescentou que "está em jogo não apenas quem ganha a próxima eleição (...) e sim se os novos empregos e as indústrias fincam raízes em nosso país ou em outro lugar".
Mas os republicanos não se mostraram convencidos e reiteraram suas críticas ao que dizem ser um gasto desenfreado do governo.
"Nenhuma economia pode manter estes altos níveis de dívida e impostos. A próxima geração vai herdar uma economia estancada e uma nação diminuída", disse a legisladora Ileana Ros-Lehtinen, representante da Flórida, na resposta republicana ao discurso sobre o Estado da União.
A imagem do presidente melhorou progressivamente desde a derrota eleitoral de novembro, até ultrapassar os 50% de aprovação, segundo os últimos números da Gallup.
Obama começou seu discurso referindo-se ao recente massacre de Tucson (Arizona), onde um jovem assassinou seis pessoas e feriu outras 14 ao tentar atirar contra uma representante democrata. Em meio a um clima político polarizado, "Tucson nos lembrou que não importa quem somos nem de onde viemos: todos somos parte de algo maior", declarou.
Um primeiro sinal de um possível espírito de cooperação foi a decisão conjunta de alguns democratas e republicanos de se misturar nas bancadas do Congresso durante o discurso, como símbolo de unidade nacional.
Na questão internacional, Obama anunciou que viajará ao Brasil, Chile e El Salvador "para forjar novas alianças para o progresso nas Américas".
Obama fez um gesto à crescente população hispânica nos Estados Unidos: afirmou que os EUA devem resolver "de uma vez por todas" a imigração ilegal, pedindo um esforço bipartidário para uma reforma migratória.
"Estou preparado para trabalhar com republicanos e democratas para proteger nossas fronteiras, fazer cumprir as leis e nos ocuparmos dos milhões de trabalhadores ilegais que atualmente vivem nas sombras", afirmou.