Agência France-Presse
postado em 26/01/2011 15:51
Cairo - O movimento de protesto egípcio mobilizou os jovens e a classe média graças às redes sociais, desafiando tanto as autoridades como a oposição tradicional.Assim como em Túnis, o Facebook e o Twitter forneceram instrumentos de grande importância para sensibilizar, difundir slogans e indicar locais de reunião.
"O que aconteceu no Egito foi quase totalmente organizado no Facebook", destacou o cientista político e blogueiro Iskander al Amrani.
O "Movimento 6 de abril", líder dos protestos, lançou alguns dias antes das manifestações uma espécie de pesquisa no Facebook com a pergunta: "você vai protestar em 25 de janeiro?".
Quase 90.000 pessoas responderam "sim" na web. Poucos dias depois, ocorreram as maiores manifestações contra o regime do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder.
As autoridades não comentaram publicamente essa irrupção das redes sociais e das novas tecnologias da comunicação na política e na segurança.
Contudo, o Twitter confirmou nos Estados Unidos que na terça-feira seu site foi bloqueado no Egito.
O site sueco Bambuser, que permite ver diretamente na Internet filmes feitos por celular ou webcam, também foi bloqueado.
Na terça-feira, os telefones celulares não funcionavam no setor da Praça Tahrir, no centro do Cairo, onde se reuniram milhares de manifestantes.
Os militantes partidários da democracia contra-atacaram na quarta-feira, divulgando dicas para furar esses bloqueios, e "permitir que a mobilização continue".
O "Movimento 6 de abril", fundado em 2008, é um grupo de militantes favoráveis à democracia que existe sobretudo na Internet. Afirma contar com dezenas de milhares de membros, fundamentalmente jovens que têm um bom nível educacional, e que encontram ali um lugar de expressão moderno e aberto.
A Internet teve muito êxito no Egito nos últimos anos. No fim de 2010, contava com 23 milhões de usuários regulares e ocasionais, um aumento de 45% em um ano, para uma população de mais de 80 milhões de habitantes.
A telefonia móvel também está no auge, com 65 milhões de usuários, um aumento de 23% em um ano, segundo as estatísticas oficiais.
De acordo com Amr al Shobaki, especialista em Ciência Política do Instituto Al Ahram, a magnitude do movimento tem repercussões para além dos jovens internautas.
"A inesperada extensão dos protestos deve-se a vários fatores, fundamentalmente, ao bloqueio político de um regime que está no poder há 30 anos", destacou.
"Não podemos esquecer da revolta de Túnis, que foi a inspiração dos acontecimentos no Egito", lembrou.